• Carregando...
Na Bahia (foto) e em Pernambuco, animais que não conseguem ser vendidos a tempo morrem pela estiagem | Ricardo Moraes /Reuters
Na Bahia (foto) e em Pernambuco, animais que não conseguem ser vendidos a tempo morrem pela estiagem| Foto: Ricardo Moraes /Reuters

O quadro é de desolação no semiárido nordestino, que enfrenta a pior seca dos últimos 30 anos – desde a dificuldade de água para beber à destruição de plantações e perda de animais. São 525 municípios em estado de emergência. Na Paraíba, 170 municípios decretaram situação de emergência. A Bahia tem 38 municípios em situação de emergência: em algumas localidades, não chove há três meses. A estimativa é de que 2,6 milhões de pessoas sofram com a falta de chuvas.

Em Pernambuco, são 70 os municípios que vivenciam problemas já expressos em alguns números da Secretaria Estadual de Agricultura: na maioria desta área a redução das chuvas foi em média de 75% – chegando a até 92% em alguns – e a maioria dos açudes localizados no sertão está com 30% da sua capacidade. A falta de chuva provocou a perda de 370 mil toneladas de grãos. Nos cem primeiros dias deste ano, o número de animais vendidos para fora do estado foi 73% maior que o do mesmo período do ano passado.

"Os criadores, a maioria deles pequenos, estão se desfazendo dos seus animais porque falta ração, capim, sorgo", afirma o secretário estadual de Agricultura e presidente do Comitê Integrado de Combate à Seca de Pernambuco, Ranílson Ramos, que prevê dificuldade de recomposição do rebanho depois da estiagem, já que as fêmeas de boa linhagem têm sido comercializadas para o Pará e Maranhão.

Nem todos os criadores, no entanto, têm a sorte de conseguir vender seus animais. "É uma tristeza a gente ver os agricultores de pequenos sítios da área rural de Águas Belas pegarem seus bichos já muito magros para levar às feiras na cidade e voltarem para casa com os mesmos animais", afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Águas Belas, no sertão pernambucano, André de Santana Paixão. Com 33 anos, André só se lembra de ter visto secas tão fortes em 1983 e em 1998.

Ele reforça o que diz o governo: pelo menos por enquanto a população atingida pela seca não passa fome. "Passa necessidade", afirma ele. O Bolsa Família chega para 850 mil famílias no agreste e no sertão. Os carros pipas – única fonte de abastecimento de água – voltaram a povoar a região semiárida. Ranílson Ramos afirma que o estado precisa de 1,5 mil deles para atender às comunidades afetadas pela falta de água. Por enquanto, são 1,1 mil rodando pela região – 600 deles do governo estadual e o restante do Exército e de prefeituras.

Os recursos anunciados pelo governo federal para minorar a agonia dos que vivem no semiárido nordestino – de liberação de crédito ao Bolsa Estiagem – ainda não se concretizaram.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]