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MÚSICA

Nos tempos da discoteca

Darci do Espírito Santo, diretor artístico da rádio e-Paraná, é o guardião dos LPs | André Rodrigues / Gazeta do Povo
Darci do Espírito Santo, diretor artístico da rádio e-Paraná, é o guardião dos LPs (Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo)
Acervo é variado e raro: são 27 mil discos, entre vinis e CDs |

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Acervo é variado e raro: são 27 mil discos, entre vinis e CDs

As ondas da rádio e-Paraná completam 60 anos no ar com uma coleção de 27,4 mil discos, entre vinis e CDs. A importância do acervo fez com que a discoteca da emissora fosse tombada na semana passada pelo Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico. Assim, todos os exemplares se tornaram bens culturais do Paraná protegidos por lei.

A história da discoteca se confunde com a da própria rádio. Para atingir o maior acervo de música erudita do Paraná, com mais de 14,2 mil LPs, cerca de 12 mil CDs e 23 mil músicas digitalizadas, a rádio teve de se desviar de alguns percalços pelo caminho.

Em 1953, durante o centenário da Emancipação Política do estado, o governador Bento Munhoz da Rocha Neto assinou o decreto autorizando a criação de uma rádio educativa. O responsável pela implantação foi Aluízio Finzetto. Mas apenas dois anos depois, em 1955, é que os estúdios ficaram prontos para, finalmente, colocar a rádio no ar em setembro daquele ano.

A sede, porém, era improvisada: duas salas do Colégio Estadual do Paraná, em Curitiba, eram usadas para a transmissão da emissora que operava nas ondas AM.

Na época, ela era chamada de Rádio Colégio Estadual do Paraná, com uma programação exclusivamente clássica e operava diariamente das 8 às 19 horas. Na grade da emissora também estavam aulas de idiomas como inglês, alemão e italiano, cedidas pelas embaixadas desses países. Foram cinco anos operando no interior do colégio.

"Nessa época, amigos do Aluízio iam ajudar na programação e doavam discos para a rádio", conta o atual diretor José de Melo, que trabalha no local desde 1980 quando ainda era um office boy. Depois dessa época, a rádio mudou-se e passou a ser transmitida diretamente de uma sala de uma delegacia de polícia. Até que encontrou um ambiente mais propício em um prédio na esquina entre as ruas Cruz Machado e Dr. Muricy, ficando por quase 20 anos nesse endereço. De lá mudou-se para a sede atual, no bairro Mercês, em 1998.

De Chico a Jobim

Foi na década de 80 que a rádio incluiu na programação a Música Popular Brasileira (MPB), com cantores como Chico Buarque, Elis Regina e Tom Jobim. Em 1992, passou a ser chamada de Rádio Educativa do Paraná e começou a ser transmitida também em frequência FM.

"Ao longo desse tempo, o acervo da rádio cresceu e o tombamento justifica a importância que a discoteca tem como um dos maiores acervos públicos de música do Brasil", ressalta o diretor.

Entre as raridades estão os primeiros discos independentes de música brasileira instrumental, o primeiro disco de Chico Buarque em italiano, Elis Regina cantando boleros e as primeiras produções de Luís Melodia, Tim Maia, Nana Caymmi e César Camargo Mariano. Há ainda discos dos principais movimentos da MPB como Jovem Guarda, Tropicália e Lira Paulistana. "Esse é um acervo vivo, já que novos materiais sempre são adquiridos pela rádio", ressalta Melo.

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