Durante a semana passada, o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ) prometeu lançar uma campanha "Fora Renan", caso o Conselho de Ética do Senado se negasse a continuar as investigações contra o senador. Essa é apenas mais uma das polêmicas encabeçadas pelo parlamentar, que começou a carreira no PT e participou da luta armada contra o regime militar. Gabeira é membro-fundador do PV e foi o deputado federal eleito com mais votos no Rio de Janeiro no ano passado.

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Por que é tão difícil punir alguém no Congresso?No caso do Renan, o que dificulta mais são os seus laços de amizade com os outros senadores. E mais ainda as características do processo, que envolve uma mulher questionando paternidade, algo muito pessoal. No Senado, eles estão entre amigos. E não punir um amigo aumenta a identidade entre eles.

Há poucos parlamentares dispostos a uma investigação mais profunda. Às vezes o senhor não se sente sozinho nessas lutas?No momento estamos em um grupo crescente. Há deputados que já se manifestam, como os do PSol, eu, além dos senadores Simon e Jefferson Peres e Jarbas Vasconcelos. Somos quatro ou cinco. Com o tempo, você vai aprendendo a vencer batalhas com uma inferioridade numérica muito grande.

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Quantos deputados o senhor encaixaria nessa vertente?Não mais de 20. E mais 4 ou 5 senadores. É com esse que nós podemos contar como elementos dessa luta por transparência.

A sociedade está valorizando mais esse trabalho independente?O ideal seria que a gente pudesse resolver isso tudo aqui dentro sem dar trabalho ou dor de cabeça à sociedade. Nós fomos eleitos para resolver isso. Mas como a nossa posição é muito frágil, do ponto de vista numérico, nós dependemos muito da sociedade também, para que nos empurre. A sociedade tem um elemento de contribuição enorme. Por exemplo, fui falar com o (senador do PT-SP, Eduardo) Suplicy e lamentar a posição dele no Conselho de Ética. Mas eu sei que ele está recebendo mil e-mails por dia com reclamações. O que fiz é pouco diante desses mil e-mails.

O senhor acredita na reforma política?Acho que vamos ter sim algum tipo de reforma. É inegável que o sistema está apodrecido. Mas não sei ainda quais serão os contornos dessa reforma, temos de esperar um pouco a definição das tendências. Eu preferia uma reforma mais pensada, que mudasse mais no fundo o sistema eleitoral, com a passagem para o sistema distrital misto. (AG)