O irmão da estudante de 20 anos que foi hostilizada por colegas da Uniban, em São Bernardo do Campo, no ABC, disse nesta sexta-feira (30) que a vida da família mudou após a repercussão do caso. Segundo ele, a irmã já estava sem ir à faculdade e ao trabalho desde o dia 23. No dia 22, a jovem precisou ser escoltada por policiais militares para deixar a sala da faculdade, após aparecer no local com um vestido curto.

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"Hoje a nossa vida mudou, minha filha não foi para a escola, não consegui almoçar na hora, minha mãe não conseguiu sair de casa", disse o metalúrgico José Adriano de Arruda, de 32 anos. Para ele, a atitude dos alunos – que filmaram a jovem sendo atacada e postaram as imagens no site de vídeos YouTube – foi fruto de preconceito. "Tem um pouco de preconceito por parte dos alunos. Ela sempre usou essas roupas, e outras meninas também vão desse jeito."

Arruda também reclamou do posicionamento da faculdade. "A faculdade também não tomou providência. Ela [a irmã] gosta de se arrumar, de usar salto, como acho que toda mulher gosta", contou.

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A jovem está no primeiro ano da faculdade de turismo e, segundo a família, namora um rapaz um pouco mais velho há alguns meses. Há um ano e nove meses, ela também trabalha em um mercadinho que fica quase em frente à sua casa, em Diadema, também no ABC.

Na tarde desta sexta-feira, a mãe da estudante participou de uma reunião com um integrante da reitoria da universidade. O encontro durou cerca de 1 hora e 30 minutos e aconteceu em um prédio do mesmo campus da universidade.

A aluna não participou da reunião. A mãe da garota se recusou a dar declarações. A assessoria de imprensa da Uniban também não deu detalhes sobre o que foi discutido na reunião.

"Costumo usar vestidos curtos"

A estudante do curso de turismo disse que não teve a intenção de provocar ninguém ao ir à faculdade com um minivestido. "Costumo usar vestidos curtos e calças apertadas, assim como outras meninas. Naquele dia, tinha pegado ônibus, andado na rua e ninguém disse nada", contou à Agência Estado.

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A Polícia Militar foi chamada por colegas da jovem para conter o tumulto e permitir que a garota deixasse a faculdade. Muitas pessoas filmaram a cena e divulgaram as imagens no site de vídeos. A universidade pediu para que o conteúdo fosse retirado.

À Agência Estado a garota lembrou ainda que saiu coberta por um avental branco. "Eles estavam possuídos, fiquei com muito medo", afirmou, uma semana depois do ocorrido.

Em nota divulgada na quinta-feira (29), a Uniban afirmou que instaurou uma sindicância. "Alunos, professores, seguranças e também a aluna estão sendo ouvidos individualmente", informou a universidade ao G1.

A Uniban "pretende aplicar medidas disciplinares aos causadores do tumulto, conforme o regimento interno".

Pelas cenas e depoimentos de presentes, o tumulto começou quando a aluna subia por uma rampa até o terceiro andar e os alunos começaram a gritar. Ela ficou trancada em uma sala e, com a ajuda de um professor e colegas, chamou a polícia, que a escoltou até a saída da universidade.

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