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Educação

Nota ruim não desanima colégio para surdos

O Colégio Estadual Alcindo Fanaya apareceu com as piores notas de toda a rede pública de Curitiba na lista divulgada nesta semana pelo Ministério da Educação. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, baseado em provas feitas pelos alunos e no grau de aprovação dos estudantes, deu nota 3 para a escola no ensino de 1.ª a 4.ª séries e nota 1,8, na educação de 5.ª a 8.ª séries. "Mas na verdade é uma conquista estarmos fazendo a mesma prova que os outros colégios", diz a diretora do colégio, Nerci Martins.

A reação da diretora pode parecer estranha, mas não é. O colégio, que fica na Vila Isabel, em Curitiba, é um raríssimo exemplo de escola regular para surdos. Todos os alunos do colégio têm deficiência auditiva. "Para eles, o português é a segunda língua", explica a diretora. A primeira língua de todos eles é a Libras (Língua Brasileira de Sinais). As provas que baseiam o resultado do índice oficial – a Saeb e a Prova Brasil – dependem 50% do desempenho dos alunos em Matemática e 50% da nota de Português. E é na prova de língua que os estudantes se saíram mal na comparação com outros colegas.

O Alcindo Fanaya funcionava como internato para deficientes até 1997. Desde então, a instituição vem passando por várias mudanças. Primeiro, se transformou em um colégio. "Um colégio regular", reforça sempre Nerci, que entende que o mais importante não é apenas oferecer reabilitação para os alunos e sim dar a eles os mesmos conteúdos ministrados para os demais alunos da rede pública. Depois, o colégio conseguiu ampliar sua atuação, que ia apenas até a 4.ª série, para até a 8.ª. E agora já tem ensino médio.

"Estes alunos estavam excluídos antes. Agora têm um lugar onde podem aprender os mesmos conteúdos que os outros estudantes. E podem até mesmo participar de provas do governo", diz ela. Os resultados que mais deixam a direção do colégio orgulhosa são as aprovações em vestibulares e a colocação de estudantes no mercado de trabalho. Já são quatro pessoas que passaram pela escola e que hoje estão na faculdade, sendo que uma das alunas passou em Medicina na PUC. E cerca de 40 ex-alunos já estão trabalhando.

Além de enfrentar o problema causado pela deficiência auditiva, os alunos do colégio também precisam se confrontar com outras restrições que ainda fazem parte do ensino para pessoas com condições especiais. "É difícil achar professores que saibam Libras. Normalmente temos que ensiná-los, o que demora e atrasa os resultados", conta a diretora.

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