Uma nova denúncia do Ministério Público Federal (MPF) está para ser julgada contra os empresários uruguaios Isidoro Rozenblum Trosman, 65 anos, e o filho Rolando Rozenblum Elpern - que estão foragidos desde segunda-feira(2). Os crimes vão desde falsificação de documentos, formação de quadrilha, descaminho e até contra o sistema financeiro nacional. E as denúncias não devem parar por aí.
Quem garante é o procurador da República no Paraná, Deltan Martinazzo Dallagnol. "O MPF vai apresentar ainda outras denúncias com dezenas de crimes", diz. "Esta que está para ser julgada se refere a crimes cometidos em 2004, quando os empresários importavam mercadorias por empresas comandadas por eles, mas que estavam em nome de empregados", explica.
Todas as denúncias são fundamentadas em provas colhidas durante um longo e detalhado processo de investigação do MPF que culminou na "Operação Pôr-do-Sol" da Polícia Federal (PF), deflagrada em Curitiba em junho de 2006. Na época, dez pessoas, entre elas Isidoro e Rolando, foram detidas. Cinco meses depois, pai e filho foram condenados pela Justiça Federal do Paraná por crimes de evasão de divisas e corrupção ativa.
Crimes
O crime de evasão de divisa, conta Dallagnol, foi cometido entre os anos de 1996 e 1998, quando os empresários enviaram de forma ilegal cerca de R$ 21 milhões para o exterior. "Já naquela época, eles abriam empresas em nome de "laranjas" para fazer a remessa de dinheiro. Empresas como fornecedores do grupo Sundown, por exemplo", cita.
O crime de corrupção ativa aconteceu entre agosto de 2005 e março de 2006 - poucos meses antes da prisão dos empresários. Dois auditores fiscais da Receita Federal foram designados pelo MPF para fiscalizar uma das empresas controladas pelos Rozenblum. O que o MPF não esperava é que os auditores fossem corrompidos pelos empresários.
Fuga
Apesar de todo o trabalho de investigação, que inclui horas de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça e uma farta documentação, os empresários conseguiram fugir na madrugada da última segunda-feira. Isidoro e Rolando Rozenblum estavam internados no Hospital Santa Cruz, em Curitiba, onde eram vigiados 24 horas de perto por dois policiais militares. Pai e filho tiveram de ser internados depois de apresentar problemas médicos causados por uma cirurgia bariátrica (redução de estômago) antes da prisão.
A vigia dos PMs não era tão próxima assim como devia. Foi o que concluiu o delegado federal Wagner Mesquita Oliveira, que investiga a fuga dos empresários, depois de tomar os depoimentos de quatro funcionários do hospital. "Ficou claro que o Isidoro e o Rolando tinham facilidades constantes. Eles, por exemplo, saíam para fumar na garagem e caminhavam pelo hospital sem a escolta dos PMs", diz.
Entre os que prestaram informações nesta sexta-feira (6) ao delegado, o que mais teria contribuído foi o chefe de segurança do Santa Cruz. Tanto é que ele foi intimado novamente a prestar depoimento na segunda-feira - juntamente com toda a equipe de segurança.
Imagens
Além das imagens internas do hospital, captadas pelo circuito de segurança, a PF teve acesso a imagens de câmeras instaladas em pontos comerciais próximos ao Santa Cruz. "Essas novas imagens irão nos mostrar, muito provavelmente, detalhes como a placa do carro que pegou o Isidoro fora do hospital", conta. "Vamos cada vez mais fechando o cerco", completa Mesquita.
O trabalho de recaptura dos empresários pode contar com a ajuda da população. Nesta sexta-feira, o MPF divulgou fotos mais recentes de Isidoro e Rolando Rozenblum. As fotos foram tiradas quando os empresários ingressaram no sistema penitenciário. Quem tiver informações sobre o paradeiro dos uruguaios pode telefonar ou escrever para o MPF: (41) 3219-8843 ou pelo site . Não é preciso se identificar.
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