Policiais federais e auditores fiscais estão nas ruas nesta sexta-feira (31) para cumprir 23 mandados judiciais relativos a uma nova fase da operação Research, que apura o desvio de R$ 7,3 mi da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
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Segundo a Polícia Federal (PF), o objetivo desta nova etapa é rastrear o destino dos recursos públicos creditados nas contas dos falsos bolsistas, identificando outros possíveis beneficiários. Os mandados estão sendo cumpridos contra 23 pessoas ligadas a bolsistas sem vínculo acadêmico com a UFPR ou a servidores investigados pelo esquema. São amigos, parentes e funcionários que, em algum momento, receberam recursos transferidos pelos primeiros investigados. Além de serem obrigadas a depor, essas pessoas também tiveram suas contas bancárias bloqueadas pela Justiça.
As ações ocorrem em Curitiba, São José dos Pinhais, Natal, capital do Rio Grande do Norte, e em Campo Grande e Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Além da PF, integram a força-tarefa agentes do Ministério da Transparência, Fiscalização, Controladoria-Geral da União (CGU) e Tribunal de Contas da União (TCU) .
As investigações realizadas até o momento apontaram que o esquema de desvios que funcionou durante quatro anos na UFPR não se limitou apenas ao Paraná. Em Campo Grande, por exemplo,quatro membros de uma mesma família teriam recebido R$ 1,8 milhão no período.
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Os agentes da Polícia Federal também buscam informações que possam esclarecer o envolvimento de uma empresa fornecedora de produtos à UFPR no esquema. A investigação viu um elo entre uma empresa atacadista de instrumentos e materiais para uso médico e de laboratórios que fica no Boqueirão, em Curitiba, e a Reagen Produtos de Laboratório, do empresário Jorge Luiz Bina Ferreira. Ele pertence ao núcleo familiar da servidora aposentada Maria Aurea Roland e Giselle Aparecida Roland. Todos estão presos desde o dia 3 de março por supostamente terem se beneficiado dos desvios de bolsas da universidade.
A Reagen também já havia aparecido em outra investigação em 2009, mas apenas como parte de um processo que investigou se Conceição Abadia de Abreu Mendonça havia falsificado a assinatura de uma professora do departamento de Farmacologia. A investigação concluiu que a assinatura de fato havia sido falsificada, mas inocentou Conceição. Na época, Bina Ferreira havia dito que conhecia Conceição de vista. Ele também relatou que um motoboy teria entregado produtos avaliados em R$ 12.300 à universidade. A UFPR, no entanto, nunca localizou essa encomenda.
Inicialmente, o juíz federal Marcos Josegrei da Silva chegou a negar o pedido para busca e apreensão na empresa atacadista do Boqueirão por entender que os indícios de irregularidade apurados em relação a ela não são relacionados diretamente aos desvios de bolsas de estudo pela UFPR. Mas em um processo separado ele autorizou as diligências policiais no endereço da empresa, que fica na Rua Carlos Essenfelder.
Réus
Deflagrada no dia 15 de fevereiro, a primeira fase da Operação Research prendeu 29 pessoas. Outras cinco tiveram mandado de prisão expedido poucos dias depois, já na fase posterior.
Na semana passada, as 36 pessoas supostamente envolvidas no esquema de desvio de dinheiro de bolsas de pesquisa da UFPR se tornaram rés.
Segundo a Procuradoria da República, as investigações apontaram indícios concretos dos crimes de associação criminosa, peculato (desvio de dinheiro), peculato culposo e lavagem de dinheiro nos pagamentos feitos a título de auxílio a pesquisadores, bolsas de estudo no país e no exterior a diversas pessoas sem vínculo com a universidade. Em alguns casos, as bolsas eram pagas a pessoas que não tinham sequer curso universitário. Uma cabeleireira, por exemplo, foi beneficiada após cortar o cabelo de uma servidora .
O MPF apontou que os réus se aproveitaram da fragilidade do sistema de controle de pagamento para realizar os desvios. Na época, a PF classificou o processo como “grosseiro”, visto que havia várias “trilhas” que indicavam a existência de irregularidades.
A UFPR afirmou, na época, que vai buscar recuperar o todo o valor desviado pelo grupo. Naquela oportunidade, o reitor Ricardo Marcelo Fonseca disse que a universidade não vai descansar enquanto não for ressarcida e que a instituição tem a obrigação de ser transparente.
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