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Governo não quer politizar crise

Porto Alegre – O novo líder do governo na Câmara dos Deputados, Henrique Fontana (PT-RS), afirmou ontem que não interessa ao Planalto politizar a investigação do valerioduto tucano. Segundo ele, a denúncia contra 15 pessoas ligadas à campanha de 1998 de Eduardo Azeredo (PSDB) pela reeleição ao governo de Minas Gerais não cria clima de revanche entre governo e oposição. "Ao governo, esta pauta de acirramento e de politização da investigação não interessa’’, afirmou Fontana. Não queremos repetir o que os adversários fizeram contra nós, de generalizar as acusações e não aguardar que os denunciados apresentem suas defesas.’’

Para o novo líder, as investigações em curso não devem interferir nas votações do Congresso Nacional. "O Brasil está se acostumando com a atuação de estruturas como Polícia Federal, Ministério Público, Controladoria Geral da União. Não podemos deixar que cada novo episódio gere uma crise. Acho que houve amadurecimento.’’

Fontana tem missão de ajudar nas negociações pela prorrogação da CPMF e de aprovar, até o fim do ano, a criação da TV pública e a entrada da Venezuela no Mercosul.

Brasília – O ex-ministro das Relações Institucionais Walfrido Mares Guia será alvo, juntamente com o publicitário Duda Mendonça e sua sócia Zilmar Fernandes, de uma terceira investigação pelo Ministério Público de Minas Gerais a pedido do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza.

Walfrido foi denunciado por peculato e lavagem de dinheiro por participação no esquema do mensalão tucano, em 1998, durante a campanha ao governo de Minas Gerais de Eduardo Azeredo (PSDB). Ele pode ainda ser denunciado por ter feito, por meio de sua empresa – a Samos Participações –, um empréstimo fictício para pagar o silêncio de Cláudio Mourão, tesoureiro da campanha do senador Eduardo Azeredo (PSDB) que ameaçava revelar detalhes do esquema ilegal.

Agora, Mares Guia será investigado por acertar com Duda Mendonça, que fez a campanha publicitária de Azeredo, o pagamento de R$ 3,8 milhões com recursos de caixa dois. O valor total do contrato foi de R$ 4,5 milhões, mas somente R$ 700 mil foram declarados à justiça eleitoral.

O dinheiro para pagar Duda Mendonça teria saído, conforme as investigações, do desvio de recursos públicos e de contribuições de empresas privadas, dinheiro que foi lavado com os empréstimos fictícios feitos no Banco Rural em nome das empresas de Marcos Valério.

"Esse valor – R$ 4,5 milhões – foi quitado pela cúpula da campanha por meio do numerário injetado criminosamente pelos mecanismos profissionais operados por Marcos Valério, Cristiano Paz (sócio de Valério), Ramon Hollerbach (também sócio de Valério) e de Clésio Andrade (candidato a vice de Azeredo)", afirmou o procurador na denúncia.

A operação foi confirmada por pelo menos três integrantes do esquema do mensalão tucano denunciado na semana passada pela Procuradoria: Cláudio Mourão, o empresário Marcos Valério e seu sócio Ramon Hollerbach.

Mourão afirmou, em depoimento, "que o valor da campanha publicitária foi orçado e pago em R$ 4,5 milhões, sendo parte entregue em dinheiro em espécie, cerca de R$ 700 mil e o restante pago por fora".

No caso do mensalão petista, o Ministério Público acusou Duda Mendonça de ter recebido recursos no exterior, dinheiro não declarado à Receita Federal. Por isso, na ação penal aberta no Supremo Tribunal Federal, Duda responde por evasão de divisas e sonegação fiscal.

Na denúncia apresentada na semana passada ao STF, o procurador não detalha de que forma esse dinheiro foi pago. Se a sistemática usada no mensalão tucano for a mesma descoberta no caso do governo Lula, Duda poderia ser acusado de sonegação – crime que já teria prescrito – e novamente por evasão de divisas – cuja pena máxima é de seis anos e prazo de prescrição de 12 anos.

Se de fato houver indícios da prática de crime por Duda Mendonça ele pode responder novamente a processo. E como nem Mares Guia, nem Duda têm foro privilegiado, o processo ficaria a cargo da primeira instância.

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