Obra
Projeto audacioso e necessário
A Rodovia Interportos marca o retorno do investimento em infraestrutura no estado, o que, segundo especialistas, deixou de ser feito por duas décadas. "Esse tipo de investimento não acontecia desde as privatizações das rodovias e isso estava custando alto para o estado", analisa o presidente do Instituto de Engenharia do Paraná, Jaime Sunye Neto.
Para o presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (Crea-PR), Álvaro Cabrini Júnior, é preciso que o estado aproveite o boom de crescimento econômico do país. "O gargalo de crescimento do país é a infraestrutura. Se não fizermos obras de infraestrutura, o Brasil vai virar uma fazenda. Essa obra tinha de ter sido iniciada há três décadas", opina.
Para o vice-presidente do Crea-PR, Gilberto Piva, o desafio será captar recursos para realizar a obra. "O Paraná sofre o mal crônico de se julgar autosuficiente. O Paraná sempre tomou iniciativa para si de fazer obras que são de responsabilidade do governo federal. Dificilmente conseguimos captar obras a fundo perdido e fazemos soluções caseiras obras simples, quase espartanas com prejuízo de qualidade, no limite da economicidade", afirma.
Segundo Piva, é necessário que o Paraná mude sua "política externa", senão corre o risco de levar uma década para implementar a Rodovia Interportos, tal como ocorreu com a duplicação da BR-376.
O governo do estado deve lançar na próxima semana um pacote de cinco editais de licitação para elaboração de estudos prévios da mais importante obra viária do estado desde a duplicação da BR-376, iniciada no fim dos anos 80. Trata-se da Rodovia Interportos, que vai ligar Garuva (SC) a Santos (SP), passando pelos portos de Paranaguá e Antonina e pelos futuros terminais portuários de Pontal e Emboguaçu/Embucuí, que devem ser construídos no futuro.O projeto foi dividido em duas fases. Na primeira, os estudos contemplam o trecho de Garuva a Antonina e preveem a construção de uma ponte na baía de Guaratuba, onde hoje é feita a travessia de ferryboat. A Interportos terá cerca de 90 quilômetros de extensão e deve custar em torno de R$ 500 milhões a duplicação de 70 quilômetros da BR-376 custou, em valores corrigidos, cerca de
R$ 190 milhões. Os recursos para as obras da nova rodovia, porém, ainda não estão garantidos.
De acordo com o secretário estadual de Transportes, Mário Stamm Júnior, os cinco editais contemplam estudos de viabilidade técnica econômica, ambiental, e projetos de engenharia. Os valores ainda estão sendo fechados, mas a licitação dos projetos deve girar em torno de R$ 18 milhões. Segundo Stamm Júnior, os estudos e projetos devem ser concluídos em até dois anos. As obras levariam mais três anos para serem executadas.
O projeto envolve a Secretaria dos Transportes, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa). Segundo Stamm Júnior, a Rodovia Interportos vai resolver um gargalo logístico do estado e integrar toda a região litorânea. "Permitirá a ligação entre as áreas portuárias e do próprio litoral do estado, melhorando o desenvolvimento social e dando acessibilidade a toda região", afirma.
Hoje, para chegar ao Porto de Paranaguá, os caminhões têm de passar pela região metropolitana de Curitiba (RMC) via BR-376 (Sul) ou BR-116 (Norte) e, só então, acessar a BR-277 até o litoral. Estima-se que a Interportos desviará um tráfego de 12 mil veículos por dia da RMC.
Com a nova rodovia, o Paraná já se prepara para a construção de dois novos terminais portuários. "Primeiro precisamos fazer a estrada para depois construir os novos portos", explica Stamm Júnior. "Mas estimamos que essa obra vai aumentar em 200% a capacidade de movimentação portuária do Paraná", complementa.
A nova estrada será uma espécie de BR-101 no Paraná, rodovia federal translitorânea inexistente no estado. Segundo Stamm Júnior, porém, a Interportos não se confundirá propriamente com a BR-101, que deverá ser construída, no futuro, mais a oeste.
Sobre questões ambientais do projeto, já que parte da rodovia passará pela Serra do Mar, ele diz que que as pistas serão feitas de forma a causar o menor impacto ambiental. "Não teremos problemas ambientais se forem tomadas medidas mitigadoras e necessárias", afirma. A Rodovia Interportos vai lançar mão de recursos como túneis e pilotis (espécie de ponte baixa) em áreas alagadiças.
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