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Aquecimento global

Nova rotina de consumo ajuda o meio ambiente

Em Umuarama, estrada é engolida por erosão | Reprodução Paraná TV
Em Umuarama, estrada é engolida por erosão (Foto: Reprodução Paraná TV)

São Paulo – "Tire a gravata e ajude no combate ao aquecimento global." A frase, que à primeira vista pode parecer meio esdrúxula, é a resposta que Hélio Mattar, diretor-presidente da ONG ambiental Instituto Akatu, tem dado às pessoas que chegam aflitas para conversar com ele depois da divulgação, no dia 2, do relatório que prevê mudanças climáticas drásticas até o fim do século. "E agora, o que eu faço?", é a interrogação que tem passado pela cabeça de muita gente diante da constatação inequívoca de que o aquecimento global é culpa de todos nós.

O gesto de tirar a gravata é uma alegoria que Mattar usa para explicar qual deve ser a primeira atitude: reduzir o consumo. "E isso quer dizer de tudo, energia, água, combustível e compras. Tirar o paletó e a gravata nos escritórios pode ajudar nesse processo, uma vez que vai diminuir a necessidade de deixar o ar-condicionado permanentemente ligado. Assim cai o consumo de energia elétrica e, em última instância, a emissão de gás carbônico", diz.

Apesar de os males do agravamento do efeito estufa serem conhecidos há vários anos, o alarme soado pelo texto do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) parece ter acordado de vez as pessoas. Medidas para salvar o planeta não dependem apenas do governo – na verdade, não faltam coisas simples que podem ser feitas no dia-a-dia.

Algumas não são tão básicas, e pedem uma mudança de comportamento, "mas a hora de fazer é agora", reforça Marcelo Furtado, diretor de campanhas do Greenpeace. "Não fazer por preguiça não é mais uma opção. Deveria ser considerado crime ambiental", diz. São posturas que podem ser adotadas individualmente, sem a necessidade de ações do governo ou de empresas. Vale aqui a velha parábola do passarinho que tenta apagar um incêndio na floresta carregando água no bico. Sozinho ele não consegue, mas quando todos se juntam...

Uma das primeiras coisas a fazer em casa é trocar as lâmpadas comuns por outras de menor consumo energético, como as fluorescentes compactas ou os modernos LEDs (um dispositivo semicondutor emissor de luz, que consome pouca energia e tem alta duração). "O problema é que quando as pessoas vão ao supermercado, olham para a fluorescente, que é mais cara, e optam pela barata. É preciso parar com esse imediatismo. Se o gasto é maior agora, no futuro vai ser muito menor. E menos gasto de energia é bom não só para o ambiente como para o bolso" diz Furtado.

Para quem pode gastar um pouco mais, outra atitude que vale o quanto o custa é colocar aquecedor solar em casa para transformar água fria em quente. "A economia depois é de 30% de energia por mês. E hoje tem até empréstimo de banco para isso."

Ainda pensando em gastos mais vultosos, aqui no Brasil dois tipos de compras devem ser decididos com base em questões ambientais: madeira e carro. O maior responsável pelo aquecimento no Brasil é o desmatamento da Amazônia – "e cerca de 70% da madeira que sai de lá é ilegal", afirma Furtado. A melhor forma de combater isso é checar a procedência da madeira ao comprar um móvel e ver se ela foi obtida de modo sustentável.

"Já na hora de trocar o carro, não tem discussão, o modelo ambiental é o movido a álcool ou do tipo flexfuel (bicombustível)", defende Mattar. "A cana-de-açúcar, ao crescer, absorve quase totalmente o gás carbônico emitido pela queima do álcool. O balanço chega perto de zero, equilibrando o sistema".

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