Alternativa de mobilidade que tem cada vez mais adeptos, as bicicletas começam a ganhar importância. A partir de agora, todas as obras de duplicação e construção de rodovias no Paraná devem obrigatoriamente incluir ciclovias. A medida faz parte do programa Ciclo Paraná, lançado pelo governo estadual.
Até 2015, o governo pretende construir 90 quilômetros de ciclovias em várias regiões do estado. O custo será de responsabilidade do próprio governo ou de empresas responsáveis pelas obras. Em curto prazo estão previstas ciclovias na Região Metropolitana de Curitiba, Noroeste e Norte do estado. Algumas obras devem ser inauguradas este ano, incluindo a da PR-415, entre Pinhais e Piraquara.
Outra obra no papel é uma ciclovia de 25 quilômetros entre Paiçandu e Francisco Alves, em um sistema de parceria público-privada. A ciclovia envolve pelo menos 14 municípios em trechos urbanos.
Além das obras em execução (ver infográfico) estão em projeto ciclovias para os trechos Mauá da Serra-Londrina, Mauá da Serra-Guarapuava e Santo Antônio da Platina-Jaguariavia. Para a BR-277, rodovia federal com maior índice de ciclistas mortos, ainda não há ciclovia prevista.
Segurança
De acordo com a Secretaria de Infraestrutura e Logística (Seil), o valor das ciclovias varia de acordo com a necessidade de desapropriação e ou da qualidade do terreno. Algumas áreas, por exemplo, é preciso colocar britas e pedras. Em média, o custo da ciclovia gira em torno de R$ 450 mil o quilômetro.
Parte do dinheiro para financiar algumas obras está sendo pleiteado junto ao Banco de Desenvolvimento Interamericano (BID). A construção de vias marginais, ciclovias e calçadas fazem parte da exigência do banco para a liberação do financiamento.
Vice-presidente da Federação Paranaense de Ciclismo e coordenador do programa CicloVida, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), José Carlos Belotto diz que o movimento cicloativista já vem pedindo que toda futura obra viária inclua ciclovias tanto urbanas quanto em rodovias. Muitas rodovias passam por trechos conurbados de cidades. Por isso muita gente acaba usando a bicicleta no dia a dia, mas circula em acostamentos. "É ótimo porque é uma defesa nossa", pontua. Belotto diz que a iniciativa é louvável, mas é preciso consultar os ciclistas para que se dê o aval em relação ao tipo de infraestrutura proposta.
Arquiteto, urbanista e professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Thiago Botion Neri diz que o projeto é positivo. No entanto, como qualquer política pública trará resultado a médio e longo prazos. "Com uma estrutura implantada e passando por locais de interesse dos usuários, aumentará o conforto e, principalmente, a segurança viária dos ciclistas, um dos fatores chave para o estímulo ao uso das bicicletas como modo de transporte", diz.
Para ele, é importante que as ciclovias fiquem separadas das rodovias por um canteiro e que tenha travessias seguras. O professor também destaca a importância das ciclovias terem sinalização, iluminação, estacionamentos e redutores de velocidade para veículos em cruzamentos.