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Reforma

Novas promessas de ministérios criam rebelião na base de apoio

Brasília – Aborrecido com as pressões, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta uma rebelião na base de apoio do governo. O motivo do racha é a reacomodação dos partidos para a reforma ministerial prometida para março. Depois da disputa entre o PT e o PP por causa do Ministério de Cidades, com orçamento de R$ 1,5 bilhão para este ano, agora a queda-de-braço opõe os aliados PSB e o PMDB, mas o alvo da pendenga é outro: a pasta da Integração Nacional.

Lula receberá hoje, no Palácio do Planalto, dirigentes e líderes de dois partidos ainda não ouvidos nas negociações: o PSB e do PC do B, a dupla que apoiou a reeleição do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) para a presidência da Câmara e profetizou "cicatrizes incuráveis" na coalizão com a vitória do presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP).

A questão é que os socialistas não admitem perder a Integração Nacional – pasta que cuida da polêmica obra da transposição do Rio São Francisco – e muito menos para o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), contrário ao projeto. A manutenção do ministro Pedro Brito, afilhado do ex-ministro e hoje deputado Ciro Gomes (PSB-CE), virou ponto de honra para o PSB.

"A nossa fidelidade a Lula não tem só três meses", ironizou um parlamentar do PSB, dando estocadas no neolulista PMDB. Desde o primeiro mandato, os socialistas controlam as pastas da Integração Nacional e da Ciência e Tecnologia. Lula deverá manter a cota do partido na Esplanada, mas o impasse ocorre porque, nas conversas com o PMDB, deu sinais de que Geddel iria para a cadeira hoje ocupada por Brito.

No Palácio do Planalto, a entrada de Geddel na equipe é dada como certa. Os amigos dele espalharam que o peemedebista poderia assumir Transportes, mas o presidente afirmou a interlocutores que o ex-ministro Alfredo Nascimento (PR, ex-PL), senador eleito, voltará para o posto. Agora, a indefinição está no cargo que Geddel ocupará porque Lula não quer contrariar Ciro, um potencial candidato à sucessão, em 2010.

Avaliação

No governo, a avaliação era de que o PSB não causaria problemas, principalmente depois que Ciro manifestou seu desejo de não voltar ao Ministério. Lula o convidou mais de uma oportunidade nas últimas semanas.

"Eu não estou disputando nada. Tenho mais medo do ridículo do que da morte", costuma dizer Geddel, sempre que alguém lhe chama de ministro no Salão Verde da Câmara. Mesmo com a anunciada tesourada no Orçamento, a verba para custeio e investimento prevista para Integração Nacional é de R$ 975 milhões.

Até o momento, o confronto entre aliados só não ocorre em ministérios com orçamento pequeno, como o de Esportes (R$ 643,9 milhões) ou com poucos dividendos políticos – caso de Ciência e Tecnologia. Na conversa de hoje, Lula dirá ao PC do B que o ministro dos Esportes, Orlando Silva, será mantido no cargo. A tendência é que o ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, também fique onde está.

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