O plano para amenizar a superlotação de cadeias no Paraná, anunciado ontem pela Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, não será capaz de colocar fim ao problema. A previsão do governo estadual é de criar 9.134 novas vagas no sistema penitenciário paranaense até 2014. Mas 16,4 mil pessoas estão atualmente em carceragens de delegacias.

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Na primeira fase serão criadas 2.786 vagas até fevereiro de 2012, com a inauguração de quatro penitenciárias nas cidades de Piraquara, Foz do Iguaçu, Cruzeiro do Oeste e Maringá. Duas das obras foram iniciadas na gestão anterior. Outras 6.348 vagas serão disponibilizadas por meio de uma parceria com o governo federal, com o Programa Nacional de Apoio ao Sistema Prisional. O plano inclui a ampliação das penitenciárias de Cascavel, Foz do Iguaçu, Londrina, Maringá, Piraquara e Ponta Grossa serão ampliadas, com a criação de 3.132 vagas. Na última etapa está prevista a construção de seis novas unidades penais nas cidades de Apucarana, Campo Mourão, Maringá, Foz do Iguaçu, Londrina e Piraquara.

A parceria estabelece que o governo federal investirá R$ 130,9 milhões e o estado, R$ 29,8 milhões. "O Paraná é conhecido como o segundo pior estado do Brasil em relação aos presos em delegacias. Com este anúncio teremos uma nova posição no cenário nacional", afirma a secretária Maria Tereza Uille Gomes.

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Escola e trabalho

Também faz parte do planejamento a remoção para Pira­­quara, até o final deste ano, de todos os presos do litoral do estado. Entre as metas da secretaria estão o monitoramento eletrônico de 5 mil presos e a oferta de 100% de acesso à profissionalização e à educação. Os porcentuais de presos estudando e trabalhando aumentaram em relação ao ano passado. Há ainda a previsão de realização de concurso público para contratar servidores em 2012.

Presidente da Subseção do Litoral da Ordem dos Advo­­gados do Brasil Seção Paraná (OAB-PR), Dora Maria Schüller afirma que a segurança pública no estado é um problema histórico e crônico, já que a área ficou sem grandes investimentos em gestões passadas. Em Paranaguá, por exemplo, a delegacia da cidade – localizada ao lado de uma escola – chegou a abrigar 300 pessoas em um espaço onde cabiam 27. "Parece existir um projeto de solução, mas não é algo simples para ser resolvido em curto prazo, em função dos anos de descaso", avalia.

De acordo com a legislação, pessoas já condenados pela Justiça não poderiam cumprir a pena em delegacias. Hoje 6 mil presos que estão em cadeias deveriam ser transferidos para penitenciárias. O Paraná tem atualmente 25 estabelecimentos penais (18 penitenciárias, 4 colônias agrícolas 1 hospital de custódia e 4 patronatos) com 20, 4 mil vagas e 20,1 mil detentos.