Brasília Os 513 deputados federais eleitos em outubro tomaram posse ontem cedo na Câmara. Cada um foi chamado pelo nome e fez o juramento de posse. Os destaques foram os novos eleitos. O deputado federal Clodovil Hernandez (PTC-SP) se destacou entre seus colegas na cerimônia. De chapéu e bengala, ele era um dos poucos deputados que preferiu usar um terno claro para a posse. A maioria optou pelas cores escuras.
Questionado sobre sua disposição de votar a favor do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Clodovil disse desconhecer as siglas.
"O que é isso? O que são essas siglas?", indagou. Ao receber as explicações dos repórteres sobre o significado, ele continuou se mostrando reticente em relação ao PAC. "É plano, não resolve nada, tem de colocar em ação. Não ficar no papel."
Os repórteres retrucaram e disseram a Clodovil que ele precisaria votar o PAC, pois o projeto seria votado no Congresso. "Tanta coisa vem para cá e nem sempre são coisas boas. Você pode, inclusive, não gostar de mim dizer que não sou uma coisa boa. Isso é um problema seu, não meu."
Quem também chamou a atenção foi a deputada do PC do B-RS, Manuela DAvila. A gaúcha já é chamada de musa da Câmara.
Ciro Gomes
Em meio aos 513 deputados que tomaram posse ontem, Ciro Gomes (PSB-CE) se destacou entre seus colegas. Ele chegou ao Congresso acompanhado da mulher, a atriz Patrícia Pillar.
Usando um vestido florido, Patrícia virou alvo dos flashes de todos os fotógrafos.
Ex-ministro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro disse temer que "feridas insuperáveis" apareçam após a disputa pelo comando da Casa, o que poderia colocar em risco a coalizão proposta pelo petista.
O deputado William Woo (PSDB- SP) não escondeu a alegria de tomar posse para o seu primeiro mandato como parlamentar federal. Sem cerimônia, o tucano sambou no salão verde da Câmara, lembrando a cena protagonizada pela ex-deputada Ângela Guadagnin (PT-SP), que dançou no plenário para comemorar a absolvição de um deputado acusado de envolvimento no escândalo do mensalão.
Colegas que presenciaram a cena brincaram que isso agora pode resultar em processo de quebra de decoro. "A minha dança é para ressaltar o meu desejo de recuperar a imagem da Câmara. Todo brasileiro vai querer dançar com esta motivação", justificou.
Os passos de Woo foram marcados por palmas de seus familiares que prestigiaram a posse. Um deles usava uma máscara com a cara do deputado estampada.
Petistas que se afastaram do Planalto após terem os nomes envolvidos em escândalos retornaram a Brasília para assumirem seus mandatos na Câmara. Esse é o caso do ex-ministro Antônio Palocci (PT-SP) e do ex-presidente do PT, José Genoino.
Ricardo Berzoini (PT-SP), que se licenciou da presidência do PT durante as investigações do dossiegate suposta tentativa de compra de um dossiê antitucano por petistas cumprimentou os velhos amigos no plenário da Câmara.
Senado
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), empossou ontem os novos 27 parlamentares da Casa em cerimônia que durou pouco mais de meia hora. Cada senador empossado teve o nome lido por Renan e de, sua própria cadeira no Senado, respondeu: "Assim o prometo".
Renan cometeu uma gafe ao fazer a leitura dos nomes de cada um dos novos senadores. Ele encerrou a lista sem chamar o senador Marconi Perillo (PSDB-GO), que alertou Renan sobre o seu esquecimento. "Peço desculpas sem repassar responsabilidade à Secretaria da Mesa, porque esse virou um expediente nacional, o de transferir responsabilidades", disse.
Ao fazer a nova chamada do ex-governador de Goiás, o presidente do Senado acabou mais um vez se atrapalhando: chamou Marconi de Marcondes, mas foi corrigido pelo próprio senador empossado.