Nigerianos são mantidos em salas trancadas: uma das portas teve de ser soldada| Foto: Dalio Zippin Filho

Curitiba e Paranaguá - Nove nigerianos que embarcaram clandestinamente no navio mercante Yasa Kaptan Erbil, de bandeira turca, são mantidos presos em três salas da embarcação há uma semana. Eles foram impedidos pela Polícia Federal (PF) de desembarcar em solo brasileiro. Por causa dos clandestinos, o cargueiro foi proibido de atracar no Porto de Paranaguá e permanece entre a Ilha do Mel e a Ilha das Cobras, no litoral do estado.

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Na última sexta-feira, a Comissão Nacional de Direitos Humanos, da seção Paraná da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), fez uma inspeção na embarcação. Segundo o advogado Dálio Zippin Filho, os nigerianos foram detidos porque tentaram agredir a tripulação ao serem impedidos de desembarcar. "Diante das agressões, o comandante prendeu os nigerianos em três salas, que são verdadeiras gaiolas de ferro. A situação é muito grave", disse Zippin.

Cinco dos clandestinos considerados mais violentos estão mantidos em uma sala maior. A comissão apurou que eles tentaram arrombar a porta do cômodo e a tripulação teve de soldar barras de ferro para mantê-los presos. De acordo com o advogado, os nove homens estão em condições degradantes. Cada uma das três salas é ventilada por apenas uma escotilha. Como os cômodos não têm banheiro, eles fazem as necessidades físiológicas em garrafas plásticas e baldes. Desde que foi descoberto, o grupo tem feito três refeições por dia, mas a comida só teria começado a ser servida depois da pressão de portuários.

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Antes de chegar ao litoral brasileiro, o navio fez uma escala na Nigéria. Os clandestinos subiram a bordo por um vão no eixo do leme da embarcação. Durante os nove dias de viagem ao Brasil, eles permaneceram confinados nesse espaço e se alimentaram com provisões que trouxeram para a viagem.

Há suspeitas de que um dos nigerianos seja a ponta de um esquema de imigração ilegal. Ele seria o responsável por trazer os outros homens clandestinamente ao Brasil. De acordo com a comissão, ele teria viajado outras 18 vezes nas mesmas condições.

Impasse

O coordenador de comunicação da PF, Marcos Koren, informou que a corporação negou o desembarque dos clandestinos porque eles não atendem aos requisitos da Lei do Estrangeiro. O delegado da PF, Jorge Fayad, acrescentou que não permitiu a entrada do grupo porque eles podem ter alguma doença contagiosa.

Ainda que o embarque dos nigerianos no navio tenha ocorrido à revelia do comandante, a empresa marítima dona da embarcação é responsável pelos clandestinos. De acordo com a PF, a transportadora foi multada e notificada a providenciar a retirada dos nigerianos. Hoje, a Comissão da OAB deve acionar a embaixada da Nigéria para aumentar a pressão por uma solução rápida. O grupo também deve retornar à PF, para negociar a permanência temporária dos clandestinos em solo brasileiro.

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