A trágica morte de Julia Souza da Silva, 12 anos, cujo corpo foi encontrado na semana passada com ferimentos causados por faca, próximo ao Zoológico de Curitiba, reacende outros dois crimes contra meninas que chocaram o país. O mais antigo deles, que vitimou Rachel Genofre, 10 anos, completará seis anos em novembro com um inquérito de mais de 5 mil páginas.
Segundo Maritza Haisi, titular da Divisão de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), o último suspeito descartado estava morando no exterior. O homem havia estado na região da Rodoferroviária [local em que o corpo foi encontrado] entre os dias do desaparecimento de Rachel e a localização do corpo e frequentava lugares comuns aos da garota, mas exames laboratoriais descartaram a suspeita.
"Colhemos material genético de parentes dessa pessoa e o DNA não bateu com o material colhido no corpo da Rachel", disse a delegada, que atualmente preside o inquérito de sete volumes e 5,2 mil páginas. Ao todo, mais de 150 exames de material genético foram realizados para tentar elucidar o caso. O corpo de Rachel foi encontrado dentro de uma mala na Rodoferroviária da capital, com sinais de estrangulamento e violência sexual.
A advogada Cássia Bernardelli, que representa a família no caso, lamenta o tempo sem respostas sobre o crime. "Toda quinzena vou à polícia atrás de novidades e não temos nada. No final do ano passado, tivemos a promessa de que uma força tarefa retomaria as investigações, mas continuamos aguardando respostas", afirmou.
Tayná
Em 25 de junho, a morte de Tayná Adriane da Silva, 14 anos, completou um ano. A jovem foi encontrada morta em um matagal em Colombo, na região metropolitana. À época do desaparecimento da garota, quatro homens, com idades entre 22 e 25 anos, chegaram a ser presos após confessarem o crime, mas foram soltos depois de alegarem terem sido torturados.
O "caso Tayná" ainda contou com um laudo do Instituto de Criminalística que descartou violência sexual antes da morte. Além disso, a suspeita de tortura levou 11 pessoas para a prisão a maior parte policiais. Todos foram soltos após reviravoltas na investigação que ajudaram a derrubar o então delegado-geral da Polícia Civil Marcus Vinícius Michelotto.
A família da vítima, que é representada pelo advogado Luiz Gustavo Janiszewski, já fez manifestações pela cidade cobrando uma solução do caso. Nessas ocasiões, os parentes de Tayná reafirmam que ela sofreu violência sexual antes de ser morta e que os quatro homens apontados como suspeitos são os autores do crime.