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O novo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo, Sidônio Palmeira, criticou nesta quarta (8) a suspensão do sistema de checagem das redes sociais da Meta, anunciada na terça (7) pelo empresário Mark Zuckerberg.
Palmeira assumirá o cargo na próxima semana no lugar de Paulo Pimenta, que teve a saída anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no começo desta semana após reclamações de dificuldade de comunicação do governo com a sociedade.
“Eu acho que isso é ruim para democracia. Isso é ruim para democracia. Porque você não faz um controle da proliferação do ódio, da desinformação, da fake news. Esse que é o problema. A gente precisa ter um controle. É preciso ter uma regulamentação das redes sociais”, disse o novo ministro em evento no Palácio do Planalto.
A crítica de Sidônio Palmeira é semelhante à feita pelo secretário de Mídias Sociais da Secom, João Brant, também na terça (7) após o anúncio de Zuckerberg. Para ele – e todo o governo – as redes sociais precisam ser responsabilizadas pelas publicações dos usuários.
“Facebook e Instagram vão se tornar plataformas que vão dar total peso à liberdade de expressão individual e deixar de proteger outros direitos individuais e coletivos. A repriorização do ‘discurso cívico’ significa um convite para o ativismo da extrema-direita”, disse Brant nas redes sociais.
De acordo com Zuckerberg, o recurso de checagem de fatos será substituído por um modelo semelhante às “notas da comunidade” adotadas pela plataforma X, de Elon Musk, em que os próprios usuários colaboram com o questionamento a determinadas informações.
“Chegamos a um ponto em que há muitos erros e muita censura. É hora de voltar às nossas raízes em torno da liberdade de expressão”, disse o empresário.
“Vamos nos concentrar em reduzir erros, simplificar nossas políticas e restaurar a liberdade de expressão em nossas plataformas. Vamos ajustar nossos filtros de conteúdo para exigir muito mais confiança antes de remover conteúdo”, acrescentou o CEO da Meta.
O empresário disse ainda que pretende trabalhar com o presidente Trump para proteger a liberdade de expressão não apenas nos EUA, mas no mundo. “Vamos pressionar governos ao redor do mundo que estão perseguindo companhias americanas, obrigando-as a censurar mais”, declarou.
Em outro trecho, ele acusa países da América Latina de atuarem a partir de “tribunais secretos”. “Países da América Latina têm tribunais secretos que podem ordenar a remoção de conteúdo de forma silenciosa”, afirmou.
A declaração pode se referir a episódios como o que ocorreu no Brasil, no ano passado, quando o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou a retirada de conteúdos feitos por brasileiros das redes sociais.