Só agora, ao completar 27 anos de trabalho na rede municipal de educação de Curitiba, a professora Rosana Almeida teve chance de se aproximar do topo da tabela salarial da categoria. Antes da aprovação do novo Plano de Carreira do Profissional do Magistério Municipal, em vigor desde abril, o tempo de serviço não era valorizado. Essa e outras mudanças implantadas conseguiram um feito raro no serviço público: contentar governo e servidores.
O salário-base de Rosana, que cumpre jornada de 20 horas na Escola Municipal Vila Zanon, no Tatuquara, estava em R$ 2.314,00 na data de migração para o novo plano (sem considerar benefícios). Em julho de 2016, quando o plano estiver totalmente implantado, o valor passará para R$ 3.870,00, mais benefícios. O acréscimo é de 67,2%.
A migração ao novo plano era voluntária. Mas, na simulação disponível, a maioria dos professores viu que era vantajoso. A prefeitura de Curitiba contabilizou adesão de 99,5%. Segundo cálculos da Secretaria Municipal da Educação, dos 12.742 professores, aproximadamente 66 continuam no regime anterior, criado em 2001.
“Era uma reivindicação de muitos anos e contemplou principalmente as distorções ocorridas em planos anteriores, que achatavam o salário de quem tinha mais tempo”, avalia Andressa Fochessatto, diretora do Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac). Ainda há contestações de um grupo de professores com mais de 25 anos de carreira que não se sentiu contemplado pelo novo plano. A orientação é que cada um apresente recurso para tentar mudar o enquadramento. O prazo vai até 14 de agosto.
Rosana conseguiu chegar ao ponto máximo da tabela. “Foi estudado caso a caso. Cresci tudo que era possível. Isso me garantiu possibilidade de chegar ao topo, no nível 25.” Ela, que também é diretora do Sismmac, diz que as conquistas são fruto da mobilização da categoria. “A primeira versão do plano apresentado pela gestão Fruet não previa a correção das distorções. Com mobilização, greve e pressão da categoria, conseguimos formatar o plano da melhor forma. Não foi uma benesse, foi fruto de muita luta.”
Para a secretária da Educação, Roberlayne Borges Roballo, o destaque foi a construção conjunta do plano. “ Só com discussão, negociação, com o sindicato apontando coisas e a prefeitura ponderando o que é possível é que se chega a um consenso desses.”
Motivação
O salário é um estímulo a mais para quem pretende atuar na rede municipal de ensino, avalia Rosana. “A gente já trabalha engajado, pois o professor tem essa vocação. Mas ajuda muito a valorização salarial. Temos nossas necessidades básicas, de prover a família, e se sobrar um dinheiro para comprar livros, investir em algo que gosto de estudar, ou mesmo frequentar a academia, a qualidade de vida melhora muito, e isso se reflete em sala de aula”, diz.