Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Saúde

Novo tratamento para endometriose

 |

É no início desta semana que chega às farmácias brasileiras um remédio para a endometriose que promete melhorar a forma de tratamento da doença. O medicamento, batizado de Allurene, já é comercializado na Europa e nos Estados Unidos e recebeu a aprovação da Agência Nacional de Vi­­gilância Sanitária (Anvisa) em novembro do ano passado.

Já existem no mercado cerca de cinco medicamentos con­­tra a endometriose, inclusive distribuídos pela rede pública de saúde, mas eles costumam ter efeitos colaterais devastadores para a paciente. "Durante o tratamento com esses remédios, é comum a mulher ter sintomas de menopausa, como calores e secura vaginal, além de perda de massa óssea, o que leva à osteoporose. Por conta disso, o tempo máximo de tratamento não pode ultrapassar os seis meses", explica o ginecologista e diretor do Hospital Santa Cruz em Curitiba, Dilermando Pereira de Almeida Filho. Após esse período, no entanto, quando a mulher para de tomar o remédio, cerca de 40% dos focos da doença voltam a aparecer. No caso do remédio recém-aprovado, testes clínicos feitos mostraram que o medicamento, além de não causar sintomas de menopausa, age na matriz da endometriose, destruindo os focos e impedindo que voltem.

Hormônio

O princípio ativo do Allu­rene, o dienogeste, é à base de progesterona, hormônio que, entre outras funções, tem a capacidade de bloquear a produção de outro hormônio, o estrogênio. Responsável pelo crescimento do óvulo e por preparar o útero para a gestação, o estrogênio pode disparar um processo de crescimento anormal das células do endométrio, uma camada que reveste o útero e que, quando não ocorre a gravidez, é eliminada pela menstruação. Quem tem endometriose, porém, não elimina toda a camada, que volta para a região pélvica e inflama, gerando a dor.

O uso do Allurene para con­­trolar os sintomas da doença é recente na Europa e nos EUA. Há cinco anos, o princípio ativo dele era usado apenas para fins de terapia hormonal e contraceptivo (aliado a outro hormônio).

O novo remédio pode ajudar aproximadamente 20% das brasileiras em idade fértil que sofrem com a endometriose, caracterizada por fortes dores menstruais na região pélvica e até mesmo pela infertilidade.

InfertilidadeMulheres têm dificuldade para engravidar

Além da dor causada pela inflamação dos tecidos tomados pela endometriose, a paciente também pode ter infertilidade – estudos feitos com mulheres que não conseguem engravidar mostram que, em 50% dos casos, a causa é a doença. Como as mulheres tendem a subestimar as cólicas, quando decidem engravidar, em média por volta dos 35 anos, a endometriose já está em estágio avançado, uma vez que o problema costuma aparecer sete anos após a primeira menstruação, ao redor dos 19 anos.

Como explica o professor de Tocoginecologia da Universidade Federal do Paraná Almir Urbanetz, é nas trompas que ocorre a fecundação e são elas as mais prejudicadas. "As trompas fazem pequenos movimentos que dão impulso aos espermatozóides e os ajudam a ir em direção ao óvulo. Na mulher que tem endometriose, porém, as trompas, tomadas por fragmentos de endométrio, se tornam pesadas e rígidas e não conseguem realizar essa função."

Ao primeiro sinal de que as cólicas não são algo normal, o médico ginecologista Álvaro Pigato Ceschin, presidente da Associação Paranaense de Endometriose, diz que é preciso tomar uma atitude. "É comum a mulher pensar que a cólica faz parte da vida dela, é algo normal, mas isso é errado. É algo que é preciso desmistificar e tratar. O normal é o desconforto passageiro. Se a dor chega ao ponto de mudar a rotina e impor sofrimento, é hora de procurar um médico", recomenda.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.