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Infância

Nucria procura pais de bebê abandonado

Pedro, como é chamado pela equipe do hospital, fez exames e passa bem | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Pedro, como é chamado pela equipe do hospital, fez exames e passa bem (Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo)

O Núcleo de Proteção à Crianças e ao Adolescente Vítima de Ex­­ploração Sexual e Maus Tratos (Nucria) começou ontem as investigações sobre o abandono de um bebê de aproximadamente três dias de vida, encontrado em uma praça do bairro Jardim Social, em Curitiba, no fim da tarde de quinta-feira. Segundo o Corpo de Bombeiros, uma professora universitária encontrou o menino quando voltava do trabalho, por volta das 18h30. A criança foi encaminhada pelo Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate) ao hospital e passa bem.

O superintendente do Nucria, Luiz Gustavo Dias de Souza, afirmou que o primeiro passo será ouvir as testemunhas, especialmente a professora que encontrou a criança. Segundo o Con­selho Tutelar, a mãe e o pai do bebê po­­dem ser processados por abandono de incapaz e também por negligência, dependo das investigações. O órgão irá analisar a situação, e – caso a mãe seja encontrada – buscará saber qual foi a motivação do abandono. Dessa forma, a mãe poderá receber ajuda psicológica e outros tipos de acompanhamento.

Se a mãe biológica for encontrada e demonstrar interesse em ficar com o bebê, o caso será criteriosamente analisado pelo Conselho Tutelar, que deverá dar um parecer sobre o caso. Mas a decisão caberá à Justiça, que poderá determinar a destituição do poder familiar e encaminhar o menino para adoção, segundo a promotora da 1.ª Vara da Infância e Juventude (de risco e proteção), Michele Rocio Maia Zardo. Ela ainda afirmou que outra possibilidade é de que, após o julgamento do processo, o juiz opte por manter a criança com a mãe. "Nesse caso, o Ministério Público poderá recorrer da sentença", explicou. Se a mãe não for localizada, o bebê será declarado como "infante exposto" e também será encaminhado para adoção.

Pouco movimento

A soldado Simone dos Santos, socorrista do Siate, contou que a sorte colaborou para que o bebê fosse visto pela professora, que mora próximo à praça. "Ela estava de carro e reduziu a velocidade no cruzamento das ruas Teófilo Soares Gomes e Monte Castelo por causa de uma lombada. No mo­­mento em que ela freava, ela contou que olhou para o lado e viu algo se mexendo", afirmou. Ainda conforme o relato da mulher ao Corpo de Bombeiros, a suspeita inicial era de que se tratava de fi­­lhotes de cão ou de gato que ha­­viam sido abandonados. "Ela resolveu parar o carro e olhar e descobriu que era um bebê, enrolado em um cobertor", contou Simone.

O menino estava bem vestido, segundo a socorrista. Embora o abandono tenha ocorrido durante o dia, a praça tem pouco movimento e, por causa da quantidade de árvores que existe no local, ninguém viu o momento em que a criança foi deixada. "A professora perguntou para várias pessoas dali e todos disseram que não sabiam de nada", afirmou Simone. Junto do menino não havia nenhuma carta.

Simone não soube informar o nome da professora que recolheu a criança, mas lembrou que ela foi cuidadosa com o bebê. "Ela levou o menino para a casa dela, que fica a duas quadras da praça onde ele foi encontrado, e de lá esperou a chegada do Siate", disse. De ambulância, o menino foi levado ao Hospital Evangélico. A assessoria de imprensa do hospital informou que o bebê passou por novos exames na tarde de ontem e estava bem, mas sem previsão de alta.

Segundo o pediatra Gilberto Pascolat, coordenador do setor pediátrico do Hospital Evan­gélico, estima-se que a criança tenha três dias de vida. O bebê, de 50 centímetros e 3,260 quilos, e que já é chamado de Pedro pela equipe de enfermagem, não apresenta nenhuma lesão física. "Aparentemente também não tem nenhuma doença, mas ainda estamos esperando os resultados da sorologia para confirmar", disse o pediatra. "Ele está supertranquilo. Chegou com bastante fome aqui, mas agora está dormindo", acrescentou.

De acordo com Pascolat, o pe­­río­­do de gestação do menino foi de nove meses. Ele ainda estava com o cordão umbilical quando foi encontrado. "E podemos afirmar que ele não nasceu em casa, mas em maternidade, já que tinha elástico no cordão umbilical e marca de vacinação no braço", descreveu. Apesar disso, segundo o pediatra, é possível que a criança ainda não tenha sido registrada, uma vez que nem todas as clínicas fazem o serviço de documentação no momento do nascimento.

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