A ditadura militar usou a Prisão Provisória de Curitiba, o presídio do Ahú, para trancafiar os seus presos políticos. Eram intelectuais, políticos, jornalistas, acadêmicos de Direito, além de líderes sindicais e estudantis, entre outros, que foram segregados como subversivos. Na semana passada, o jornalista catarinense Políbio Braga lançou o livro "Ahú, diário de uma prisão política".

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Entre os presos políticos que lá estiveram estão nomes como o advogado João Bonifácio Cabral Júnior, atual diretor jurídico da Itaipu Binacional e presidente do conselho de administração da Copel. Ele passou 18 meses no presídio, no período de dezembro de 1968 a junho de 1970.

Cabral Júnior conta que ficou com outros estudantes numa antiga sala-de-aula, transformado numa grande cela. "Era um dormitório coletivo. Recordo-me que subia a escada e ia até o final do corredor ", tentando se localizar no tempo e no espaço. O advogado também lembra que tentou continuar a faculdade de Direito, estudando dentro do presídio. "Os colegas gravavam as aulas para mim. Os professores foram até o presídio aplicar as provas, mas não consegui justificar as faltas." Cabral conta ainda que os presos políticos tinham contato com os criminosos comuns quando iam pegar sol e nas partidas de futebol.

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Naquele tempo, Cabral era presidente do diretório acadêmico de Direito da antiga Universidade Católica do Paraná e repórter do jornal Tribunal da Imprensa. Por uas vezes, foi preso em congressos estudantis. Na segunda vez, foi julgado e condenado a 4 anos, tendo a pena reduzida por recurso a 18 meses, rigorosamente cumpridos.

Já o jurista René Ariel Dotti, um dos advogados que defendeu presos políticos, impetrou muitos habeas-corpus até a edição do AI-5. Ele lembra de pelo menos quatro nomes importantes para a história do estado que passaram pelo Ahú: o livreiro Aristides Vinholes, o político Agliberto Vieira de Azevedo, o gráfico Orlando Ceccon e Oto Bracarense Costa, que foi líder bancário e secretário no governo José Richa, na década de 80. (JNB)