Depois de passar por uma expansão explosiva nos últimos anos, a frota de automóveis de Curitiba estacionou e começou a diminuir. Dados oficiais do Detran mostram que desde o início de 2016, a cidade “perdeu” três mil carros, passando de 979 mil automóveis em janeiro para 976 mil em junho. Com isso, a frota já é ligeiramente menor do que a de dezembro de 2014, quando a cidade tinha 978 mil automóveis registrados.
O fenômeno, por enquanto, é típico da capital. No interior, os dados do Detran mostram que as frotas continuam aumentando. De janeiro de 2015 até junho deste ano, o Paraná aumentou sua frota de carros de 3,8 milhões para 4 milhões. Ou seja: a perda da capital mais do que foi compensada pelas outras cidades – o que significa que, no geral, o aumento de IPVA promovido pelo governo do estado na virada de 2015, não teve impacto.
Em Curitiba, a frota vinha crescendo a índices impressionantes. Em 2008, a cidade chegou a um milhão de veículos – o que soma não só os carros, como também motos, caminhões, caminhonetes etc. Em 2014, já eram mais de 1,4 milhão. Um aumento de 40% em apenas oito anos. A frota de carros subiu a 3% ao ano até 2014. Se mantivesse esse crescimento, 2015 seria o ano em que a cidade passaria de 1 milhão de carros. Mas isso não aconteceu.
Em 2015, começou o ano mantendo algum crescimento, mas depois estacionou. No segundo semestre, entrou em queda. O fenômeno pode ter relação com a crise econômica, que afetou Curitiba com força, e com algumas medidas restritivas de trânsito adotadas pela prefeitura, como a adoção de limites menores de velocidade em algumas áreas. No entanto, parece não ter relação com uma desistência do transporte particular, já que o ônibus também perdeu passageiros.
Taxas
O IPVA, embora não tenha afetado outros municípios, pode ter tido efeito maior em Curitiba em função de locadoras de veículos, que colocavam seus carros para emplacar no Paraná devido à alíquota menor. Quando o governo aumentou de 2,5% para 3,5% o valor cobrado, em 2015, esse incentivo diminuiu.
O secretário de Estado da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, tenta neste momento reduzir as taxas do Detran no estado para compensar esse efeito e combater a “guerra fiscal” promovida por Belo Horizonte para atrair as empresas. Os mineiros reduziram as taxas com o objetivo de atrair 30 mil veículos desse tipo que estão hoje registrados em Curitiba.
Pela pacote de medidas enviado pelo governo à Assembleia, o governo poderá reduzir as taxas cobradas de locadoras até “empatar” com a de outros estados. O problema com a saída seria justamente a arrecadação de IPVA, que poderia ter um decréscimo de R$ 30 milhões ao ano.
Outros fatores que podem desestimular a compra de novos veículos em Curitiba são o aumento da frota de táxis, em 2014, a chegada do Uber e o fato de que a frota pode ter chegado naturalmente a uma saturação, com cerca de um carro a cada duas pessoas – o que, inclusive, teve consequências sérias para o fluxo no trânsito da cidade.