Outro lado
Secretaria diz que volume de mortes nos bairros com UPS caiu 24%
Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) informou que, nas dez regiões onde foram instaladas UPS houve queda de 24% na quantidade de mortes violentas (passando de 94 para 71 casos) quando se compara as ocorrências registradas no período de abril de 2012 a março de 2013 ante os dados dos 12 meses terminados em março do ano passado.
Além disso, a Sesp diz que, nesse período analisado, o número de roubos reduziu de 840 casos para 691 e o de furtos, de 1.095 para 837.
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O balanço de homicídios no primeiro trimestre do ano em Curitiba revela que, na média, a violência caiu mais rapidamente fora dos bairros com Unidades Paraná Seguro (UPSs). Nos primeiros três meses do ano, Curitiba registrou 139 homicídios, 22% a menos do que no mesmo período de 2012. Nos bairros sem UPS, a queda foi maior, de 27,8%, enquanto o total nos bairros com UPS caiu menos, 12,6%. Os números absolutos de assassinatos foram divulgados pela Secretaria de Estado da Segurança Pública na semana passada.
Seis bairros da capital têm Unidades Paraná Seguro. Em quatro deles, a queda foi superior à média da cidade: Parolin (67%), Cajuru (50%) e Uberaba (25%). A Cidade Industrial, bairro com o maior número absoluto de assassinatos no período analisado e que tem cinco postos permanentes da polícia, também viu o número de assassinatos cair (14,3%, de 28 para 24 casos).
Outras reduções drásticas ocorreram no Pinheirinho e no Boqueirão, bairros que não têm UPS. No primeiro, a queda foi de 82% (de 11 mortes entre janeiro e março de 2012 para duas no mesmo período deste ano). No segundo, a queda foi de 46%.
Já nos outros dois bairros com UPS, o Tatuquara e o Sítio Cercado, houve crescimento nos números da violência alta de 35,7% e de 9%, respectivamente (leia mais ao lado).
Análise
A redução da criminalidade em bairros com UPS em ritmo menor do que no restante da capital intrigou sociólogos ouvidos pela reportagem. Segundo eles, os dados mostram que o projeto ainda não decolou. "É a demonstração de que a política [de segurança] tem de ser revista e que há um problema claro [com as UPS]", disse Pedro Bodê, coordenador do Centro de Estudos da Violência e Direitos Humanos da UFPR.
Segundo ele, a UPS só tem efeito nas suas adjacências e não no bairro todo. Isso explicaria porque a Cidade Industrial continua a ser o bairro campeão em homicídios embora tenha cinco unidades permanentes da Polícia Militar.
Para o sociólogo Lindomar Bonetti, ainda é cedo para avaliar os resultados das UPS. O professor da PUCPR pondera, porém, que a redução da criminalidade nesses bairros só ocorrerá realmente se estiver diretamente ligada à realização de ações sociais e à aproximação da polícia com a comunidade. "A população precisa ser envolvida em iniciativas produtivas e educativas e a polícia não pode apenas olhá-la sob o prisma do bandido", avalia.
"Será que UPS não funciona?", provoca policial
A Unidade Paraná Seguro do Tatuquara, instalada em setembro do ano passado, teve o pior desempenho entre as UPSs da capital. O número de mortes passou de 14 no trimestre inicial de 2012 para 19 neste ano é o segundo bairro mais violento de Curitiba, atrás apenas da CIC.
Na Vila Ludovico, onde está instalada a UPS Tatuquara, policiais falaram com a reportagem sob condição de anonimato. Segundo um dos PMs, a violência do bairro se concentra em local distante de onde está o módulo policial. "No Jardim Social [outra vila do bairro] se concentram bares, comércios e também os homicídios", disse. Questionado se o aumento da criminalidade estaria ligado ao histórico violento da região, o PM respondeu com outra pergunta: "Será que isso está ocorrendo porque a UPS não funciona?"
Na UPS do Sítio Cercado, os policiais preferiram não ser específicos sobre o projeto, mas um deles, que também não quis ter o nome divulgado, disse que a criminalidade está espalhada na região e não só na Vila Osternack, onde fica a base da PM. "A UPS não trouxe mais policiamento. Eles ficam lá [na base] e não patrulhando", reclamou um comerciante que mora há 21 anos no Osternack.
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