São Paulo As organizações que atuam em defesa da reforma agrária planejam para este ano uma jornada de movimentações sem precedentes nos primeiros quatro anos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela começa a ganhar corpo em março e deve atingir o pico em abril mas prossegue de forma intensa durante todo o ano. Seus alvos principais serão o governo Lula e as empresas do setor do agronegócio, especialmente as que atuam com reflorestamento e sementes patenteadas.
"Vamos aumentar a pressão, gastar mais o nosso gás, porque esse governo é igual feijão velho e duro se não botar na panela de pressão, não cozinha", explica Marina dos Santos, porta-voz da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Resumindo o descontentamento em relação ao desempenho de Lula na área da reforma agrária, ela acrescenta: "Estamos diante de um caso claro de dupla personalidade: é um governão eficiente e capaz para as grandes empresas; e governinho para os pobres."
Em março, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que reivindica terras para famílias que foram desapropriadas com a construção de hidrelétricas, fará manifestações nas capitais. O MST participará de atos contra o presidente norte-americano George W. Bush cuja visita ao Brasil, com propostas para o setor de produção de álcool, é vista como ingerência no modelo agrícola nacional.
Ainda em março, a Via Campesina, organização internacional, que no Brasil reúne cinco entidades, entre as quais a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o MST, põe em marcha uma série de ações contra o agronegócio. Seus representantes citam com freqüência a Aracruz líder mundial na produção de celulose branqueada de eucalipto , que é acusada por eles de causar desequilíbrios ambientais e concentração de terras.
Abril é tradicionalmente o mês que concentra o maior número de invasões. Elas marcam o início da época do plantio e lembram o massacre de 17 de abril de 1996, em Eldorado dos Carajás, no Pará, quando 19 sem-terra foram mortos pela polícia.
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