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Carregando cruzes, militantes da luta contra a Aids ocuparam ontem a avenida Paulista, em São Paulo, para protestar contra as mais de 12 mil mortes anuais decorrentes da doença.

Eles alegam que, 15 anos após o início da distribuição do coquetel anti-HIV na rede pública, o número de pessoas morrendo com Aids no país continua o mesmo.

Em 1997, 12.078 pessoas morreram de Aids. Em 2012 (último dado disponível), foi o mesmo número. São três mortes a cada duas horas, mais de 33 por dia.

No entanto, quando ajustada a taxa de mortalidade por 100 mil habitantes, houve queda: em 1997, foram 7,6 mortes por 100 mil contra 6,2 mortes em 2012.O Ministério da Saúde contesta a metodologia empregada pelo movimento, alegando que a população com HIV aumentou triplicou no período citado. "Tínhamos 137 mil infectados para 12 mil mortes. Agora, são 435 mil para a mesma quantidade de mortes. É óbvio que houve queda", afirma Fábio Mesquita, diretor do departamento de DST e Aids do ministério.Para Alexandre Grangeiro, pesquisador do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, o ministério "faz divulgação seletiva dos dados absolutos" e diz o alto número de mortes é "inaceitável".

"São casos passíveis de prevenção ou controle. Pessoas que têm acesso ao teste de HIV, recebem o diagnóstico no tempo oportuno e iniciam o tratamento adequado, apresentam uma expectativa de vida próxima de pessoas não infectadas pelo HIV", diz.

Segundo ele, de 30% a 40% das mortes ocorrem porque as pessoas chegaram tarde aos serviços de saúde.

Mario Scheffer, professor da USP e militante da área, lembra que muitas pessoas morrem devido a piora da qualidade desses serviços."Há uma demora absurda entre o teste positivo e a primeira consulta e falhas no acompanhamento clínico dos pacientes", diz.

Scheffer critica o fato de o governo federal ter decidido pela transferência do tratamento da Aids dos centros especializados para as unidades básicas de saúde, o que provocou queda na qualidade do cuidado.

MAIS TRATAMENTOSegundo Mesquita, do ministério, nos últimos anos mais pessoas com HIV estão sendo diagnosticadas e tratadas. Em 2012, foram 40 mil. Neste ano, a expectativa é incorporar mais 80 mil novas pessoas ao tratamento.

Ele afirma que estão sendo feitas ações localizadas em municípios onde os números estão maiores e há mais de 60 ONGs no país com ações preventivas com os grupos mais vulneráveis para a doença, como os homossexuais.

Mesquita afirma que outras capitais do país, como Curitiba, Porto Alegre e Fortaleza, têm tratado, com sucesso, a maior parte dos pacientes na atenção básica e deixando para os centros especializados apenas os casos mais complexos.

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