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Recorde sob suspeita

Números de apreensão de maconha no Paraná não batem

A notícia de que a Polícia Federal do Paraná (PF-PR) foi recordista em apreensão de drogas em 2005, divulgada na última segunda-feira pelo superintendente da instituição no estado, Jaber Saadi, não é reconhecida nacionalmente. Pelos números da Coordenação Geral de Polícia de Repressão a Entorpecentes/Diretoria de Combate ao Crime Organizado (CGPRE/DCOR) da PF em Brasília, Mato Grosso do Sul continua sendo o primeiro no ranking. As informações são do repórter Jorge Olavo, da Gazeta do Povo.

Os números são controversos. Segundo a PF-PR, foram apreendidas no estado em 2005 cerca de 68 toneladas de maconha. Porém, o número é maior do que o total de 60 toneladas retidas em toda a região Sul, de acordo com a estatística da CGPRE/DCOR. Além disso, a diferença do total apreendido no estado em 2005, com informações das duas fontes, chega a 22 toneladas.

Segundo o delegado da PF-PR, Fernando Francischini, chefe da Coordenação de Operações Espciais de Fronteira, o déficit nacional estaria ligado a informações de operações feitas no interior do Paraná que não foram atualizadas no Sistema Nacional de Dados Estatísticos de Repressão a Entorpecentes (Sindre) – programa que permite à PF acesso às informações de todos os estados. "Foram operações realizadas em cidades do interior onde não há delegacia da PF e não há rede de acesso ao sistema (Sindre)", explica Francischini.

Para exemplificar, o delegado cita apreensões de maconha no ano passado que não foram incluídas no sistema. Uma de aproximadamente 5 toneladas, em dezembro, em Umuarama, no Noroeste do estado, e outras em Santa Helena e Toledo e no distrito de Porto Camargo, na divisa entre Paraná e Mato Grosso do Sul. Ao buscar explicações sobre o desencontro de informações, a assessoria de imprensa da PF em Brasília afirmou que iria confirmar os dados. Porém não retornou até o fechamento da edição.

Quebra-cabeça

A busca pela explicação dos números conflitantes começou no dia em que Saadi divulgou os resultados do estado, em reunião com o governador Roberto Requião. O primeiro dado da PF-PR que chegou à Gazeta foi de 76 toneladas de maconha retidas no ano passado. Ao pedir informações sobre outros estados para que se pudesse comparar a participação do Paraná nacionalmente, a assessoria da PF-PR informou que houve erro de digitação na redação do relatório. O valor verdadeiro seria de 68 toneladas.

Em posse de dados nacionais, atualizados até 31 de dezembro de 2005, que relatavam o total de entorpecentes retido na região Sul, os números do Paraná apareciam diferentes, com o Paraná apreendendo 46 toneladas. A assessoria da PF-PR voltou a ser procurada. A resposta era de que a diferença de 22 toneladas em relação à nova estatística de 68 toneladas apreendidas teria sido causada pela falta de atualização dos dados.

Quando questionada sobre as operações que não estariam relatadas no Sindre, o retorno da assessoria da PF-PR foi que teriam que comparar o que foi lançado no sistema nacional para verificar o que faltava. Em seguida, no início da noite de quinta-feira, o delegado Francischini entrou em contato com a Gazeta explicando os números.

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