Cléver Ubiratan Teixeira de Almeida completa hoje quatro anos à frente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), por onde passaram nomes célebres do urbanismo da capital, como Jaime Lerner e Carlos Eduardo Ceneviva. Alvo de críticas por não apresentar inovações que sempre caracterizaram o instituto, Almeida encerra a gestão defendendo o principal projeto urbano da cidade para os próximos anos: a construção de uma linha de metrô ideia na qual trabalha desde 2005 e que corre o risco de ser profundamente alterada durante o próximo ano. O carioca, formado em Engenharia e funcionário de carreira do Ippuc há 24 anos, fez um balanço do seu trabalho à Gazeta do Povo. O lugar dele será assumido por Sérgio Póvoa Pires.
Em janeiro de 2009, a Gazeta do Povo noticiava como perspectivas para a cidade a conclusão da Linha Verde e a construção do terminal de ônibus CIC/Sul, e aventava a possibilidade de uma linha de metrô. Quatro anos depois, nenhuma dessas obras tem garantia de conclusão. Como o senhor encara isso?
No caso da Linha Verde, a gente montou um programa [de empréstimo com o Banco Interamericano de o Desenvolvimento] com o dólar a R$ 3,60. Assinamos o contrato com R$ 3,30 e se executou com o dólar a R$ 1,80. Então, praticamente caiu pela metade o nível de investimento com o mesmo recurso. Depois, foi assinado um novo empréstimo com a Agência Francesa de Desenvolvimento e, neste ano, buscamos uma nova complementação com a Operação Urbana Consorciada [venda de títulos de potencial construtivo no mercado financeiro]. Deixamos um legado para a próxima administração e, com a evolução da questão imobiliária, a cidade vai conseguir captar os recursos suficientes para terminar o projeto. Já o terminal é um projeto atrelado à Linha Verde e ao metrô. É o terminal inicial dessas duas importantes linhas e está previsto para ser construído. E o metrô não é um projeto que se faz da noite para o dia. Nunca evoluímos tanto. Pela primeira vez, temos um projeto de engenharia e recursos para isso.
O senhor coordena o projeto da Linha Azul do metrô desde 2005. Como se sente com a perspectiva de mudança no projeto pelo novo prefeito?
Todo projeto é muito dinâmico e várias coisas podem ser modificadas. Eu, particularmente, acho difícil alterar traçado, por exemplo, porque cria dificuldades ao projeto. É ali que a gente planejou a cidade para ter a maior densidade e o maior eixo de transporte. Então, [o metrô] é a continuidade de um processo. Além disso, você tem a facilidade de não precisar de grandes desapropriações e já tem a demanda onde está passando o ônibus. Pela experiência de oito anos trabalhando, eu acho que este é um projeto adequado para a cidade, para a função projetada.
Além da implantação dos ligeirões nas linhas Boqueirão e Santa Cândida, e do Sistema Integrado de Mobilidade, com perspectiva de oferecer maior quantidade de informações dos horários e das linhas para os usuários, o Ippuc tem projetos ou alguma ideia para revitalizar o sistema de ônibus?
Existe aqui no Ippuc um estudo a respeito do Inter 2, por exemplo. É uma linha que tem um crescimento do número de passageiros e, como trafega junto com os carros, a ideia é melhorar essa circulação com faixas exclusivas e trincheiras neste percurso. Temos ainda projeto para a ultrapassagem pela canaleta (Ligeirão) no eixo Leste/Oeste (Pinhais/Campo Comprido) e projetos de reformas de terminais. Além disso, temos projetos para diminuir a poluição, com os ônibus híbridos, por exemplo.
Durante sua gestão, o município começou a comercializar com mais ênfase os títulos de potencial construtivo. Eles estão sendo usados como garantia das obras na Arena da Baixada e vendidos com preço bem abaixo da expectativa, na Bolsa de Valores de São Paulo, para tentar financiar a construção do trecho Norte da Linha Verde. O senhor não acha que a ampla oferta de títulos desvaloriza o potencial construtivo da cidade?
O potencial construtivo da Arena e da Linha Verde são completamente distintos. A Linha Verde teve definida uma área e o potencial só pode ser usado naquela área. São os Cepacs (Certificados de Potencial Adicional de Construção). É um processo inteligente porque cria condições de urbanização e se investe (na região) com recursos dos próprios investidores. A questão de vender mais ou menos potencial, a velocidade e o preço, dependem do mercado. As experiências no Brasil são pequenas, praticamente só no Rio de Janeiro e em São Paulo. Mas são exitosas. Não haverá, no cenário de hoje, dificuldades para que esses recursos sejam arrecadados.
Algumas entidades ligadas ao setor da construção civil pressionam o próximo prefeito a promover uma revisão do plano diretor da cidade. O senhor acha isso necessário?
A revisão é sempre útil e a gente vai fazer uma até 2014, por causa da legislação. Mas, além do que está escrito no plano, há legislações complementares. E é muito nisso que alguns segmentos querem ajustes para ampliar a possibilidade de construção. De forma geral, ajustes são necessários. Mas eu não acho que a gente precise de grandes ajustes. A cidade tem um modelo bom.
O que o senhor fará a partir de amanhã?
Eu estou de férias. Depois, volto para cá, para o Ippuc. Aqui é minha casa.
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