O órgão oficial do governo de Santa Catarina que monitora as condições climáticas do estado (Epagri-Ciram) informou na tarde desta quarta-feira (25) que a nuvem de fumaça formada após incêndio em depósito de fertilizante no terminal marítimo de São Francisco do Sul, no litoral catarinense, deve atingir o Paraná entre o fim da tarde e o início da noite.
Segundo o meteorologista Marcelo Martins, a nuvem deve ocupar principalmente o litoral Sul do Paraná, onde ficará alojada por, pelo menos, dois dias. O deslocamento da fumaça em direção ao estado paranaense está sendo motivada pela direção do vento, que sopra em direção ao estado.
Equipe de técnicos da Defesa Civil estadual, do Corpo de Bombeiros e do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) monitora desde a manhã desta quarta em Guaratuba, no Litoral paranaense, o deslocamento da nuvem. No entanto, os responsáveis afirmaram, por volta das 17 horas, que as chances da fumaça chegar ao estado eram remotas, já que o incêndio já havia sido controlado. Por uma questão de segurança, a Prefeitura da cidade decidiu cancelar as aulas desta tarde na Escola Municipal Juraci Correa, localizada no bairro Coroados, na região limítrofe com estado catarinense. Na instituição estudam cerca de 200 crianças no período vespertino, que já foram avisadas sobre o cancelamento das atividades.
De acordo com a assessoria de comunicação da Prefeitura, nenhuma outra escola do município teve as aulas canceladas por conta da situação. O bairro Coroados fica a aproximadamente 12 quilômetros da região central de Guaratuba.
Em nota oficial emitida pelo Corpo de Bombeiros de Guaratuba na tarde desta quarta, a corporação alerta que existe a possibilidade de resíduos chegaram até o município, e que esses traços poderão ser observados por um leve odor de produto químico. No entanto, o órgão disse que "não há motivos para acreditar em risco à população dos municípios do litoral paranaense, em especial à de Guaratuba".
Fumaça
O material se espalha desde as 23 horas de de terça e já provocou a retirada de centenas de moradores das redondezas. A meteorologista do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Epagri/Ciram), Gilsânia Araújo, informou que o vento levou a fumaça na direção do mar nesta manhã, mas à tarde vai mudar de direção e deve empurrar a nuvem até Paraná e São Paulo.
O tamanho da nuvem é incerto. Até as 12 horas de hoje o incêndio ainda não havia sido controlado, o que alimentava a fumaça - ela podia ser vista a 25 quilômetros do ponto do fogo, segundo os bombeiros.
Produto químico
A nuvem tóxica contém nitrato de amônia, difosfato de amônia e cloreto de potássio, segundo a Defesa Civil. A professora Marlene Zannin, coordenadora do Centro de Informações Toxicológicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), informou que as substâncias podem provocar irritação nos olhos, dores de garganta e, em casos extremos e raros, câncer.
"As pessoas devem evitar respirar a fumaça. Devem evitar se expor a ela", disse a professora. O contato indireto com a fumaça (pela chuva, por exemplo) também pode provocar irritações, segundo a especialista, mas em escala menor.
Segundo nota da Prefeitura de São Francisco do Sul, não há feridos graves na cidade. Mas um número não estimado de pessoas procurou atendimento nos postos da cidade queixando-se de dor de garganta e tontura.
De acordo com as equipes de segurança, 40 toneladas de fertilizantes estavam no depósito da Global Logística, no terminal marítimo de São Francisco do Sul -a cidade tem o maior porto de Santa Catarina e o quinto maior do país, com uma movimentação anual de 5,4 milhões de toneladas, segundo a prefeitura.