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O adeus dos fiéis ao monsenhor Vítola

Dom Pedro Fedalto celebrou a missa de corpo presente de monsenhor Vítola | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Dom Pedro Fedalto celebrou a missa de corpo presente de monsenhor Vítola (Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo)

Culto, original, atuante, alegre. É as­­sim que fiéis, colegas e familiares descrevem o monsenhor Vi­­cente Vítola, que morreu anteontem aos 90 anos, vítima de um câncer nas cordas vocais. O religioso completaria 91 anos de idade no pró­­ximo dia 9 de outubro. In­­ter­­nado no Hospital da Cruz Ver­­melha, morreu às 4 horas da ma­­drugada de domingo e foi sepultado, às 11 horas, no Cemitério Par­­que Iguaçu. Apesar de ser o sacerdote mais idoso do Paraná e o terceiro mais idoso do Brasil, o padre, que atuava há 11 anos como vigário paroquial da Igreja Nossa Se­­nhora das Dores – também co­nhe­­cida como a Igreja dos Pas­­sarinhos – sempre esteve à frente do seu tempo.

Nascido em Curitiba, Vítola vinha de uma família tradicional e foi criado no bairro Batel, onde viveu por quase toda a sua vida. Ordenado padre em 1942, foi vigário paroquial da Catedral Metro­­politana de Curitiba e atuou como ad­­ministrador da mitra da Arquidiocese de Curitiba, fundador e presidente do Cabido Metro­­politano e reitor da antiga Uni­­versidade Católica do Paraná. Tam­­bém foi responsável por salvar a Rádio Clube Paranaense da falência, em 1973.

Independente

Embora estivesse lutando contra o cân­­cer, há cerca de dois anos, o monsenhor continuava a cumprir a sua rotina. "Estava doente e, mesmo assim, continuava a rezar, todos os dias, a missa das 7h30. Desistiu há apenas dois meses", conta o cônego André Biernaski, seu substituto na Igreja dos Pas­­sarinhos. Apesar da idade avançada, Vítola continuava a dirigir o seu carro pela cidade. Quando jovem, circulava pelas ruas em duas rodas. "Eu era coroinha da Catedral de Curitiba quando ele me ensinou a andar de moto. Quase ninguém tinha moto na época", lembra o jornalista Vicente Mickosz.

O seu sonho, segundo o pároco da Igreja dos Passarinhos, padre Gabriel Figura, era viver até os 102 anos, um ano a mais que dom Jerônimo Mazzarotto, bispo auxiliar de Curitiba falecido em 1999. "Ele gostava muito de viver. Certa vez, ao ser perguntado por sua irmã onde gostaria de ser velado, ficou bravo, disse que na hora resolvia. No fim, eu é que tive de tomar a decisão", conta o padre, que escolheu a própria igreja para a cerimônia.

Vicente Vítola foi professor de História Universal e Corografia do arcebispo emérito de Londrina, dom Albano Ca­­vallin, e do arcebispo emérito de Curitiba, dom Pedro Fedalto. "Ele era um mestre muito original e um sacerdote muito atuante. Aprendi muito com ele", lembra dom Pedro, que acompanhou o velório, o enterro e rezou a missa de corpo presente.

O religioso era um estudioso da parapsicologia e chamado por muitos de "vidente". "Ele era sensitivo, conseguia prever as coisas. Era um bom conselheiro", conta Sueli Roulik, maestrina do Coral San­­ta Cecília. Frequentador da Bo­­ca Maldita, gostava de conversar com os amigos e falar sobre a cidade, segundo o vereador Tito Zeglin. "O monsenhor Vítola tinha um gran­­de zelo por Curitiba. Era um ho­­mem muito ouvido pelos governantes da cidade e deu importantes sugestões para melhorá-la. Era um grande articulador", lembra.

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