O Ibase foi criado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. Chico Menezes assumiu a importante missão de continuar a luta do sociólogo para acabar com a fome.
Quanto o Brasil avançou na questão da segurança alimentar nos últimos anos? E por que tantas pessoas passaram fome no país até que se tivesse uma política nesta área?
O Brasil teve avanços tanto na consciência da sociedade sobre essa questão, como efetivamente nas políticas públicas. Creio que esses dois processos impulsionaram um ao outro. A sociedade abandonou a crença de que o quadro de fome e falta de acesso a alimentos de boa qualidade era uma fatalidade com a qual o país teria que conviver e assumiu que isso existia por falta de políticas públicas adequadas, passando a exigi-las.
Quais são os próximos desafios?
O desafio é dar prosseguimento, resistindo àqueles que acham que as políticas voltadas para os mais pobres são gastos que poderiam ser mais bem utilizados. E, também, conseguir uma participação cada vez maior da sociedade.
Como a crise mundial de alimentos pode afetar o Brasil?
Não podemos deixar que ela faça retroceder os avanços obtidos. Além disso, não podemos ser simplificadores da crise. Não basta apenas produzir mais. É preciso compreender que a essência dessa crise, com seus diversos fatores, está na crescente mercantilização da alimentação. O alimento é um direito fundamental e isso tem que ser assumido de forma permanente.