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Urbanismo

O alto preço do viaduto estaiado

Veja como é o projeto do primeiro viaduto estaiado de Curitiba |
Veja como é o projeto do primeiro viaduto estaiado de Curitiba (Foto: )

Quem chegar ao aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, para assistir a um dos quatro jogos da Copa do Mundo de 2014 na Arena da Baixada, em Curitiba, muito provavelmente avistará a capital paranaense já da pista de pouso. Isso graças ao viaduto de 74 metros de altura que será construído para facilitar a ligação da Avenida das Torres com o município vizinho. A obra, porém, suscita polêmicas. Orçado em R$ 84,49 milhões, o novo viaduto será sustentado por 21 cabos de aço – modelo conhecido como estaiado. Esteticamente pomposo, ele custará mais aos cofres públicos do que outros modelos.

O viaduto faz parte do corredor Aeroporto-Ro­­doferroviária, terceira obra mais cara entre as 14 intervenções de mobilidade urbana previstas para a Copa do Mundo no Paraná. As duas primeiras são o corredor metropolitano (79 km de extensão entre Colombo e Araucária ao custo de R$ 137,5 milhões) e a ampliação do terminal de passageiros do Afonso Pena, que consumirá R$ 130 milhões.

Além do elevado estaiado, o projeto do corredor conta com uma trincheira na Rua Guabirotuba, melhoria de mais de 3 km de vias da região e obras no entorno das duas construções. Tudo isso será executado pelo consórcio Viário Aeroporto, formado pelas empresas J.Malucelli/CR Almeida Engenharia de Obras, que orçou o conjunto em R$ 94,7 milhões e venceu a licitação graças ao descredenciamento técnico do consórcio Arteleste-Momento.

Comparação

A comparação entre os valores a serem investidos no viaduto estaiado e na trincheira da Rua Guabirotuba (R$ 10,26 milhões), por exemplo, chama a atenção do engenheiro Edson Navarro, para quem as duas obras cumprem a mesma função. "Com esse valor [R$ 84,49 milhões] dá para fazer 20 viadutos comuns. É uma dívida que o município contraiu pelos próximos 10 anos", critica o engenheiro, que é auditor de controle externo do Tribunal de Contas da União (TCU).

Edson Seidel, coordenador da Unidade de Gerenciamento do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Curitiba (Ippuc), discorda de Navarro. "Queremos preservar o canteiro central para expansão do transporte coletivo. Além disso, em qualquer outro modelo, teríamos de bloquear totalmente a Avenida das Torres, o que não vai acontecer, e o número de casas desapropriadas aumentaria", argumentou o técnico da prefeitura.

Além disso, de acordo com o Ippuc, uma obra de um viaduto estaiado pode ser concluída até 12 meses antes do que uma intervenção para um viaduto convencional.

Paisagem

Carlos Hardt, diretor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), vê com bons olhos a obra, mas acredita que o planejamento antecipado poderia evitá-la. "O tempo de execução desse tipo de obra (estaiada) é menor e a Copa está muito próxima. Mas, se fosse planejada com antecedência, poderia ser diferente". O arquiteto, porém, aprova investimentos que valorizem a estética. "Às vezes vale a pena investir mais em uma obra vistosa, que melhora a paisagem".

Mas, se a beleza, por si só, não justifica o investimento, o tráfego pode ser outro argumento. A Avenida das Torres recebe, em média, mais de 30 mil veículos por dia em cada um dos seus sentidos e o viaduto deverá dar um refresco ao tráfego da região.

Vale o preço?

Você acha melhor uma obra mais cara, porém, que leve beleza à Avenida das Torres?

As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

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