Vestígios de guloseimas no tapete da sala, enfeites que insistem em não ficar em cima das estantes e brinquedos distribuídos pelos cômodos. A avó coruja justifica: "Casa de avó não é da avó, é dos netos", diz a professora aposentada Dirce de Barros Fernandes, 67 anos.
Há quatro anos, Dirce e o marido, Nereu Fernandes, de 69 anos, receberam o neto Luan, 10 anos, para morar com eles. Após a separação de seus pais, o menino passou um período em casa com a mãe, Viviane, que trabalhava o dia todo. Para não deixar Luan a maior parte do tempo com a empregada, a avó o trouxe para a sua casa. "Eu não gostava de vê-lo trancado no apartamento e sugeri à minha filha que o deixasse comigo. Além de não ficar só com a empregada, ele passaria a ir para a aula na companhia do avô", justifica. Hoje, Luan passa a semana na casa dos avós e reveza os sábados e domingos entre a casa da mãe e a do pai.
O garoto gosta da casa dos "velhos", mas não esconde seu desejo. "Preferia morar com meu pai e minha mãe, juntos". O pensamento dele é comum entre muitas crianças que convivem com a separação dos pais. Nesses casos, a figura dos avós torna-se ainda mais importante, pois traz estabilidade e segurança.
Além de Luan, Dirce tem outros três netos Rafael, 4 anos, e os gêmeos Caio e Vitor, 1 ano e meio também ficam sob a atenção dos avós de vez em quando. "Quando os mais novos nasceram, moraram aqui por três meses. Hoje eles ainda ficam comigo quando meu genro viaja e minha filha está no trabalho".
Com olhar apaixonado para as crianças em seu colo, Nereu demonstra que a presença dos netos não lhe incomoda nem um pouco. "A gente tem é de fazer o que eles querem mesmo. Os mais velhos não ligam mais para a gente. Então, temos de aproveitar os menorezinhos, que ainda nos dão bola e não dizem sai pra lá, vô chato. Pelo menos por enquanto", brinca.