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Flávio Zanette: araucárias velhas são bonitas, mas precisamos de mais jovens.Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

O Capão da Imbuia – que empresta o nome para um bairro e um bosque protegido de Curitiba – foi assim chamado porque uma determinada espécie se destacava na paisagem de campo que predominava no lugar antes de ser tomado por casas e prédios. Mas essa mesma árvore, de madeira dura e cor avermelhada, corre o risco de desaparecer do bosque em sua homenagem. É que ela precisa da sombra para se desenvolver e as altas araucárias que despontam na paisagem do bosque já são velhas.

A Gazeta do Povo esteve no Bosque do Capão da Imbuia a convite do professor Flavio Zanette. O pesquisador percorreu a mata e quase não achou araucárias novas. Pinheirinhos frágeis, que aparentavam estar em fase de crescimento, na verdade já eram plantas velhas, subdesenvolvidas por terem ficado na sombra. As únicas que ainda não haviam chegado à forma de candelabro, que caracteriza uma araucária com mais de 35 anos, foram plantadas perto do muro, em fila – ou seja, não fazem parte do ciclo natural da mata. Além da falta de clarões, a presença de um grande número de cutias e a colheita total das pinhas podem estar entre os motivos da ausência de araucárias novas.

Zanette acredita que, se nada for feito, o Capão da Imbuia irá se desconfigurar. Com o tempo, sem araucárias jovens para dominar a paisagem, as imbuias ficarão expostas em demasia à luz, perdendo espaço para outras espécies. Para o pesquisador, é preciso elaborar um plano de manejo que avalie derrubar as árvores doentes e abrir espaço para as novas, preferencialmente mudas já escolhidas e criadas a partir de exemplares do próprio lugar. A realização do estudo está sendo analisada pela Secretaria de Estado da Cultura, já que o bosque é tombado pelo patrimônio cultural do Paraná.

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