Vinte aferições. Vinte reprovações. Permanecer próximo a cruzamentos das ruas centrais de Curitiba pode fazer mal aos ouvidos. É o que mostra o resultado das medições de nível de ruído feitas em dez pontos da região central da cidade pelo Grupo Maxipas, empresa que presta assessoria em saúde ocupacional. Em todos os casos analisados, o volume dos ruídos ultrapassou (e não foi pouco) o limite permitido pela lei e também o limiar em que o barulho começa a afetar a audição. Sinal de alerta para Curitiba, hoje, no Dia Internacional de Conscientização sobre o Ruído.
De acordo com a lei, nas áreas residenciais, o limite permitido é de 55 decibéis para o dia, 50 para o fim da tarde e 45 para entre 22 horas e 7 horas. Nas zonas estruturais e de comércio, a tolerância sobe para 65 de dia, 60 à tarde e 55 à noite. A partir de 85 decibéis, diz a fonoaudióloga do Maxipas Maria Patrícia do Nascimento, o ruído começa a afetar os ouvidos. Aí então, segundo ela, quanto maior o tempo de exposição pior será o problema.
O cruzamento das Marechais foi o mais barulhento. Na semana passada, ao meio-dia, foi registrado um ruído de 107 decibéis no local. Já às 18 horas, o cruzamento mais barulhento foi o da Sete de Setembro com Alferes Poli, com 99 decibéis. "Apenas passar nestas ruas não tem problema. Mas, no caso de 107 decibéis, ficar exposto por mais de 30 minutos pode ser um problema. Pior ainda para quem trabalha próximo a esses cruzamentos", explica Maria Patrícia.
De acordo com especialistas, conviver todos os dias com esses ruídos pode ter o seu preço: estresse, irritabilidade, falta de concentração, cansaço e dores de cabeça e até a perda gradual e irreversível da capacidade auditiva. "Curitiba está com um nível de ruído semelhante ao do Rio de Janeiro e São Paulo", diz Maria Patrícia. Em casos de barulho alto demais, pode ocorrer, inclusive, um trauma acústico: em vez de uma perda auditiva gradual, o processo pode ser instantâneo.
Que o diga o fotógrafo Guilherme Pupo, de 36 anos. Ele mora em um local que deveria ser silencioso: perto de um hospital. "Convivo 24 horas por dia com um ruído de compressores de ar. Foram feitas medições, mas o ruído ainda não havia alcançado os limites propostos pela lei. Afinal, que limite é esse, se a maioria dos moradores da região está se sentindo incomodada e com dificuldades para dormir e conviver com o ruído?"
Barulho é responsabilidade de todos. De acordo com os especialistas, para diminuir o volume dos ruídos, cada um tem de fazer a sua parte para o bem geral. Por isso, pense duas vezes antes de apertar com tudo a buzina do seu carro ou ligar o som no último volume. Lembre-se que você estará contribuindo com a poluição sonora e, possivelmente, com a perda auditiva gradual sua e de quem estiver por perto.
Para marcar o Dia Internacional de Conscientização sobre o Ruído, várias ações serão feitas em Curitiba hoje. "É uma forma de fazer com que as pessoas adquiram hábitos menos ruidosos", diz a professora doutora em Saúde Coletiva da Universidade Tuiuti do Paraná Cláudia Giglio Gonçalves.
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Serviço
Minuto de silêncio Entre as 14h25 e 14h26. A iniciativa acontece no mesmo momento em todo o mundo.
Triagens auditivas gratuitas
Clínica de Fonoaudiologia da UTP Rua Sydnei Antônio Rangel Santos, 238, das 9 às 17 horas. Telefone: (41) 3331-7833.
Unidade Móvel do Maxipas João Negrão esquina com Sete de Setembro, no Posto K15. Das 8 às 17 horas.
Palestra
Promoção da saúde auditiva em trabalhadores expostos aos ruídos. Ministério Público, Rua Vicente Machado, 84. Das 8h30 às 12 horas.
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