A Síndrome de Sjögren (SS) ainda é pouco conhecida no Brasil. E há razões de sobra para isso. A doença demora em média seis anos para ser diagnosticada, porque apresenta sintomas que podem ser facilmente confundidos com outras moléstias, a começar pelo ressecamento constante, total ou parcial dos olhos e da boca.
O professor de reumatologia do departamento de clínica médica da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Valderilio Feijó de Azevedo, explica que é importante distinguir a síndrome de problemas como irritação nos olhos (causada pelo uso prolongado do computador) ou a boca seca que pode acontecer por causa da ingestão de determinados medicamentos. "O diagnóstico não deve estar baseado somente nessas duas características, mas ambas servem de alerta para que as pessoas procurem um médico especialista", salienta.
O principal critério adotado pelos pesquisadores para diagnosticar a SS é perceber se as glândulas endócrinas e exócrinas estão alteradas. "Por se tratar de uma doença auto-imune, também é preciso fazer um exame de imunologia que detecta se o paciente possui anticorpos característicos da síndrome ou não", afirma Azevedo.
Como duas pessoas com Sjögren nunca têm exatamente o mesmo histórico médico, outra dificuldade para o diagnóstico é que os sintomas são variados de um paciente para outro. Além do ressecamento na boca e nos olhos, o doente pode apresentar secura na pele, no nariz, na vagina (no caso das mulheres), fadiga e dores nas articulações. "Pacientes com SS também sofrem com insônia, normalmente devido à boca e ao nariz secos, que prejudicam a respiração", diz o reumatologista.
Como não existe cura, a intervenção precoce é considerada a melhor forma de amenizar o curso da SS. "Para diminuir a sensação de secura e melhorar a qualidade de vida do paciente, já existem no mercado lágrimas e saliva artificiais. Esses medicamentos devem ser utilizados somente com prescrição médica e em casos específicos da síndrome", adverte Azevedo.
De acordo com a Associação dos Portadores de Síndrome de Sjögren, a doença pode ser primária se acontecer de maneira isolada, ou secundária quando está relacionada com outras enfermidades, como artrite reumatóide, esclerodermia ou lupus. "É preciso estar atento aos sintomas. Normalmente, os dentistas e oftalmologistas são os primeiros a suspeitar da doença, por causa das reações que ela apresenta no paciente", conclui Azevedo.
Serviço: Mais informações sobre a Síndrome de Sjögren pelos sites www.lagrima-brasil.org.br e www.reumatologia.com.br.
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