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O ex-médico foi preso em Assunção, no Paraguai | Cristian Rizi/ Gazeta do Povo
O ex-médico foi preso em Assunção, no Paraguai| Foto: Cristian Rizi/ Gazeta do Povo

Entenda o caso

Roger Abdelmassih foi denunciado pela primeira vez ao MP em abril de 2008 por uma ex-funcionária dele. Depois, diversas pacientes com idades entre 30 e 40 anos disseram ter sido molestadas quando estavam na clínica. Elas eram surpreendidas por investidas do ex-médico quando estavam sozinhas. Os casos teriam ocorrido durante a entrevista médica ou nos quartos particulares de recuperação

Agosto de 2008 – Abdelmassih é intimado pelo Ministério Público a depor, mas não comparece. Mesmo assim, o órgão oferece denúncia à Justiça, recusada porque a juíza entendeu que a investigação é atribuição exclusiva da polícia. Um inquérito foi aberto pela polícia, mas "desapareceu" em novembro de 2008. Ele foi encontrado um mês depois, possibilitando o reinício das investigações.

Junho de 2009 – o ex-médico é indiciado. Na época, a defesa dele afirmou que teve seu direito de defesa cerceado e que a Polícia Civil descumpriu a determinação do Supremo. Segundo um dos advogados do médico, Adriano Vanni, na época, a polícia antecipou o depoimento sem maiores explicações, antes que a defesa pudesse ter acesso às acusações.

Agosto de 2009 – o Conselho Regional de Medicina de São Paulo abre 51 processos éticos contra o médico. Os conselheiros do órgão avaliaram que as denúncias eram pertinentes e decidiram pela abertura dos processos. O diploma dele é cassado definitivamente pelo no dia 20 de maio. Formalmente, Abdelmassih foi acusado de estupro contra 39 ex-pacientes, mas como algumas relataram mais de um crime, há 56 acusações contra ele. Desde que foi acusado pela primeira vez, Abdelmassih negou por diversas vezes ter praticado crimes sexuais contra ex-pacientes. O médico afirma que vem sendo atacado há aproximadamente dois anos por um "movimento de ressentimentos vingativos".

Novembro de 2010 – o ex-médico é condenado em primeira instância a 278 anos de prisão por uma série de estupros de pacientes. Segundo sua defesa na época, ele nunca ficou sozinho com suas pacientes na clínica, estando sempre acompanhado por uma enfermeira.

Janeiro de 2011 – Abdelmassih é considerado foragido após a Justiça decretar sua prisão. Ele chegou a fazer pedidos de habeas corpus mesmo durante o período em que esteve foragido, mas foram negados.

Foragido da Justiça brasileira desde 2011, o ex-médico Roger Abdelmassih, 70 anos, condenado a 278 anos de prisão por 52 estupros e atentado violento ao pudor, foi preso por volta das 14h30 de ontem (horário brasileiro) em uma rua do bairro Villa Morra, em Assunção, no Paraguai. Agentes da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (Senad), juntamente com a Polícia Federal brasileira, interceptaram Abdelmassih com a mulher e dois filhos quando eles deixavam um estabelecimento comercial. O ex-médico foi levado a Foz do Iguaçu na tarde de ontem. Por volta das 11 h de hoje, ele será transferido a São Paulo.

Abdelmassih não mostrou resistência no ato da prisão, apenas ficou assustado. Ele chorou e pediu distância da imprensa, segundo o chefe de Comunicação da Senad, Francisco Ayala. Logo após ser detido, ele foi expulso do país por não portar documentos e estar infringindo a Lei de Migração do Paraguai.

O delegado da PF, Marcos Paulo Pimentel, disse que a procura por Abdelmassih teve início semana passada a partir de informações de diversas fontes. "Tivemos cooperação interna e internacional." Um mandado de busca, cumprido pelo Gaeco de Bauru (SP) em uma propriedade rural de Avaré, no interior do estado, também contribuiu para a elucidação do caso. Lá foram encontrados fotos, bilhetes, roupas e telefones.

Apoio internacional

O ex-médico foi levado a Ciudad del Este, fronteira com Foz, em um avião da Força Aérea do Paraguai. A aeronave pousou no aeroporto de Hernandárias, da Itaipu Binacional. Ele chegou à delegacia da PF de Foz às 18h30, após fazer um procedimento migratório na aduana.

Abdelmassih foi preso após um trabalho de inteligência feito entre a polícia paraguaia e a Polícia Federal brasileira. Ele vivia no Paraguai há cerca de três anos, segundo a polícia, em uma luxuosa residência situada no bairro San Cristóbal. Morava com a mulher, uma brasileira de 36 anos, e dois filhos pequenos. Tinha motorista, babá, empregadas e aparentemente não exercia a medicina. Segundo o delegado Pimentel, o ex-médico entrou no Paraguai por via terrestre. Antes de ir morar em Assunção, vivia em um pequeno município do país.

Abdelmassih liderava a lista de procurados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Ele foi preso pela primeira vez no dia 17 de agosto de 2009, após ser denunciado, em 2008, por uma ex-funcionária. Diversas pacientes, na faixa etária de 30 a 45 anos, relataram terem sido molestadas pelo então médico.

Promotoria

Investigação de lavagem de dinheiro levou à prisão do ginecologista

O promotor Luiz Henrique Dal Poz disse que a Polícia Federal chegou ao paradeiro do ex-médico Roger Abdelmassih depois de três anos foragido, após cruzamento de informações da Promotoria e da própria PF. O Ministério Público investigava suposta lavagem de dinheiro praticada pelo médico. Segundo o promotor, durante a investigação de pessoas que ajudavam o ex-médico na fuga, surgiu a informação do paradeiro do médico, possivelmente na América do Sul.

Essa investigação apura, segundo ele, suposta falsidade ideológica, falsidade documental e lavagem dinheiro. "Passamos para a PF, que é a destinatária legítima para esse tipo de atuação", disse Dal Poz. "Felizmente, prevaleceu a Justiça. Prevaleceu o trabalho eficiente das instituições. Seja da polícia, seja do Ministério Público. Finalmente, ele vai poder, agora, completar o ciclo da verdadeira Justiça que ele foi investigado, processado e condenado. Agora, vai cumprir a pena que ele foi imposta. Este é o nosso desejo".

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