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Curitiba

O fim das pedrinhas petit-pavé

Calçamento vem sendo substituído por blocos de concreto | André Rodrigues/Gazeta do Povo
Calçamento vem sendo substituído por blocos de concreto (Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo)

Nem as estreitas calçadinhas que dividem a canaleta da pista lenta escaparam da remoção das pedrinhas petit-pavé. Nas obras de desalinhamento dos tubos para a implantação dos ligeirões, o calçamento antigo vem sendo substituído pelo revestimento com blocos de concreto intertravados (paver), seguindo o projeto implantado em outras áreas da cidade, como o anel viário central. Com isso, o curitibano que caminha olhando para baixo começa a temer que o calçamento português – uma parte essencial do passado da cidade – talvez não tenha futuro.

Vários pontos do calçamento, no entanto, estão tombados e não correm o risco de remoção. São trechos em setores históricos da cidade. Na Rua XV de Novembro, por exemplo, não somente o calçadão é protegido, como também os prédios e equipamentos públicos. "Temos um mapeamento das calçadas em petit-pavé de Curitiba. Algumas são consideradas marcos do nosso desenvolvimento urbanístico, e são preservadas", explica Celia Bim, assessora de projetos do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc).

O petit-pavé ("pequeno pavimento" em francês) começou a cair em desgraça a partir das discussões sobre condição de acesso a deficientes físicos. As pedrinhas são consideradas irregulares e lisas, o que dificultaria a passagem de cadeirantes. Em 2006, o Ministério Público chegou a conseguir uma liminar impedindo a manutenção do petit-pavé durante uma reforma feita na Avenida Marechal Deodoro, no Centro.

Outro trecho ameaçado foi o piso art-déco da Praça Generoso Marques, em frente do Paço da Liberdade. Durante a última reforma do prédio, o MP mais uma vez atuou para garantir uma estrutura com acessibilidade. A solução foi instalar trechos de calçada lisa ao lado da original.

Para Rosina Parchen, coordenadora do patrimônio cultural da Secretaria de Cultura do Paraná, o problema das calçadas está na construção e manutenção. "Qualquer piso que não tenha base e sub-base boas vai afundar. Em Copacabana, no Rio de Janeiro, e em Lisboa é utilizado o mesmo revestimento e ninguém reclama". O arquiteto Key Imagire também é um defensor das pedrinhas "Não conheço nenhum estudo que aponte o petit-pavé como problemático para os deficientes. O problema é a manutenção", defende.

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