Paranaguá tem um odor característico. E a explicação está nos grãos que caem no chão durante o transporte realizado pelos caminhões. Um "inimigo" da cidade, que transmite 38 doenças, sobrevive disso: os pombos. As aves encontram em Paranaguá um espaço perfeito para sobreviver: há alimento abundante (grãos e farelos), água à vontade e abrigos. Neste ano, a prefeitura de Paranaguá assinou termo com o Ministério Público tentando conter a praga. O objetivo é realizar o manejo adequado por um ano para evitar o abate da espécie. O porto, no entanto, não participa do termo. O superintendente Mario Lobo Filho diz desconhecer a assinatura, mas promete auxiliar a prefeitura. Até o Hospital Regional sofre com os problemas decorrentes dos animais, pois os pombos amanhecem sobre a instituição. A solução, entretanto, é mais simples do que outras questões, como o vazamento de óleo do terminal de álcool e a presença de indústrias que usam perigosos elementos químicos perigosos, como fertilizantes e ácidos.
A Promotoria do Meio Ambiente do Ministério Público, em Paranaguá, reconhece a importância do porto para o município, mas entende que a instalação de indústrias potencialmente poluidoras coloca a população e a natureza em risco. "Estamos no meio de um problema sem solução", diz Renato Francisco da Silva, da Associação de Moradores da Vila Becker. "O álcool já vazou algumas vezes. Nós estamos lutando para que o terminal não seja instalado", relata.
Apesar dos perigos inerentes à atividade, os estímulos financeiros recebidos pela cidade são menores do que a cidade que deve receber a Sistema Integrado de Processamento e Aproveitamento de Resíduos (Sipar) indústria do lixo, em licitação para Curitiba e região metropolitana. Hoje, Paranaguá recebe cerca de R$ 250 mil por mês, enquanto a localidade que abrigará a indústria deve receber em torno de R$ 400 mil.