Moradores de Curitiba que estranharam o calor atípico para a cidade não estavam exagerando: a anomalia climática registrada na capital paranaense foi de 2,6 °C maior do que a média. Isso significa que janeiro de 2015 bateu o recorde de todos os meses de janeiro desde 1997, subindo de 27 °C para 29,6 °C na média.
O mesmo fenômeno climático foi verificado em cidades como Londrina, no Norte, cuja máxima média de janeiro era de 29,8 °C e, dessa vez, chegou a 32,1° C; ou Paranaguá, que viu os termômetros subirem 1,7 °C em relação à máxima média histórica, indo de 31,3 °C para 33 °C. Mas o recorde foi batido por Cambará, no Norte Pioneiro. Por lá, onde a temperatura máxima média era de 30,9 °C, os termômetros registraram 35,4 °C.
O meteorologista Reinaldo Kneib explica que o fenômeno ocorre porque as massas de ar quente típicas da estação estão atuando por mais tempo, ou seja, têm durado mais. "Isso ocorre com maior intensidade no Sudeste, por isso as regiões Norte e Leste do Paraná registram temperaturas mais altas do que as demais regiões. Mas não há uma explicação definitiva para esse fenômeno. Ele já ocorreu no ano passado, mas pode não se repetir no próximo."
Com o tempo mais quente, espaços de lazer passaram a ser mais procurados. Em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba, o Recanto dos Padres, local frequentado por quem busca proximidade com a natureza e acesso a piscinas e lagos, teve movimento maior em janeiro. Segundo a administradora do parque, Avani Pereira, que trabalha há 30 anos no local, o recanto depende de dias de calor. "Dependendo do tempo o movimento de pessoas aumenta e nesse mês de janeiro a gente recebeu mais pessoas do que em dezembro", explica.
Calor generalizado
Conforme o boletim do Simepar, de 15 a 31 de janeiro as temperaturas máximas ultrapassaram os 30 °C nas regiões Oeste, Norte, Centro-Oeste e Leste. "Em grande parte das regiões do Paraná as temperaturas máximas médias ficaram acima da média histórica", diz o relatório. No mesmo período, as temperaturas mínimas ficaram acima da média histórica de 17 °C. Apenas no Sul e Região Central do estado as foram mais amenas.
As altas temperaturas, no entanto, não são tão surpreendentes: o mesmo fenômeno foi verificado já no início de 2014, ano tido como o mais quente dos últimos cinco anos em Curitiba e Região Metropolitana (RMC), segundo o Simepar. Entre 1997 e 2014, período ao longo do qual as estações meteorológicas automáticas foram instaladas, dois anos destacaram-se por apresentar as temperaturas médias mensais mais elevadas na RMC 2002 e 2014.
Já 2015 começou com temperaturas médias ainda mais elevadas do que as registradas no mês de janeiro em 2002 e 2014. As temperaturas no primeiro mês do ano superaram as médias do mesmo período nos últimos 17 anos.
A semana entre os dias 14 e 20 foi a mais quente. Em Antonina, os termômetros chegaram a marcar 41,1 °C no dia 17. Para entender melhor a intensidade do calor na região litorânea: a temperatura máxima média para janeiro era de 31,1 °C, já a máxima média até o dia 15 de janeiro foi de 34,6 °C, ou seja, 3,5 °C superior.
Causas
"A elevação das temperaturas pode ser observada de forma gradual e global. De maneira geral, o Paraná tem acompanhado a evolução climática verificada nas regiões Sudeste e Sul, onde todos os estados apresentam aumento de temperatura", diz o meteorologista Cezar Duquia.
Ainda não há certeza das causas dessa elevação de temperatura. Segundo Duquia, os estudos científicos sobre as causas do aquecimento não são taxativos, apenas levantam hipóteses, como o aumento no número de queimadas, de emissão de CO2, ou explosões solares.
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