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HISTÓRIA

O JK que o PR viu

Na manhã de 26 de abril de 1956, Curitiba estava em festa. A população lotou as ruas que ligam o Aeroporto do Bacacheri ao centro da capital, delegações vieram do interior, estudantes se aglomeravam para receber a visita do "ilustre filho das Minas Gerais". Numa passagem de menos de dez horas pela capital do estado, Juscelino Kubitschek de Oliveira, que há 50 anos assumia a Presidência da República com um plano ambicioso de desenvolvimento nacional, participou de três inaugurações, visitou as obras do Hospital de Clínicas, almoçou com políticos e fez o povo feliz. Deixou registrada sua passagem pela capital do estado, mas sem marcas profundas.

"Efetivamente o Paraná não se beneficiou muito do governo JK", afirma o sociólogo Ricardo da Costa Oliveira, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A economia essencialmente agrícola do estado, diz Oliveira, não era atraente para os planos desenvolvimentistas de Juscelino. Além disso, explica o sociólogo, os esforços do governo estadual, no segundo mandato de Moysés Lupion, estavam mais concentrados em solucionar conflitos de posseiros no Sudoeste do estado e nas acusações de corrupção feitas pela oposição. "Foi um período problemático para o governador. Apesar das acusações não terem sido comprovadas, foram suficientes para atrapalhar realizações maiores no estado naqueles cinco anos."

As ações diretas do JK no Paraná estão limitadas aos comícios em cidades do interior, às inaugurações daquele dia 26 – Aeroclube do Paraná, Casa do Estudante Universitário e Faculdade de Ciências Econômicas da UFPR – e ao lançamento da pedra fundamental da Ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu. Mas se os "frutos" do governo Kubitschek não cresceram no estado, o Paraná não pode reclamar de ficar de fora da colheita do que se plantou no resto do país. "O governo JK demonstrou a possibilidade de uma região se desenvolver a partir de um planejamento de médio e longo prazo. Foi uma lição que o Paraná colocou em prática logo após ele deixar o poder", diz o economista Gilmar Mendes Lourenço, coordenador do curso de Ciências Econômicas da UniFae. Depois de JK, explica Lourenço, o Paraná despertou para a necessidade de uma maior inserção na economia nacional. "Aquele desenvolvimento planejado por Juscelino tinha endereço certo: São Paulo e Minas Gerais. Mas isso não foi por uma questão puramente política, eram dois centros com capacidade de resposta mais rápida", avalia o economista. Na arquitetura, o planejamento de Brasília, um marco nacional, segue a mesma escola que criou anos antes o Centro Cívico de Curitiba. "No projeto original da Secretaria de Justiça havia inclusive uma cúpula parecida com a do Palácio do Planalto", informa o professor de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Pa-raná, Salvador Gnoato.

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