No momento em que escolas de dança de salão de todo o país comemoram o aumento de 20% na procura por aulas, Curitiba tornou-se palco de uma competição que reuniu mais de cem casais dançarinos de tango. O Campeonato Classificatório de Tango Curitiba 2006 reuniu, nos últimos dois dias, os melhores bailarinos de seis estados brasileiros e do Distrito Federal, para selecionar os semifinalistas do Campeonato Mundial de Tango, que ocorre em Buenos Aires, em agosto.
Segundo um dos organizadores, Oldemar Teixeira, Curitiba foi escolhida para sediar o campeonato por ter consolidado seu perfil para este tipo de evento. Além disso, ele destaca o alto nível que os representantes do estado atingiram em relação à dança. "Podemos competir de igual para igual com os dançarinos do Rio de Janeiro e São Paulo, que têm mais tempo de desenvolvimento e mais praticantes", explica.
Até o fechamento desta edição, ainda não havia acabado a competição entre 16 bailarinos de tango classificados nas categorias "cenário" e "salão" para a final do Campeonato de Tango Curitiba 2006. Em Buenos Aires, os vencedores desta etapa disputarão a semifinal mundial, com representantes de mais de 20 países.
Longe dos campeonatos, Teixeira lembra ainda que as milongas locais onde se dança tango socialmente começaram se espalhar pela cidade. "Já temos quatro e atualmente 500 pessoas praticam o tango em Curitiba", conta. O número é significativo, diz, considerando que há cinco anos a oferta de cursos de tango era mínima. "A maior exposição da dança de salão na mídia tem incentivado o aumento pela procura e o tango pega uma carona positiva", avalia.
Apesar de acreditar que as atuais referências às danças de salão fazem parte de um modismo, o psicoterapeuta corporal Rodrigo Teixeira vê com bons olhos as investidas da mídia. Para ele, a dança ajuda a atingir o bem estar físico e mental porque a dança melhora os movimentos, organiza a estética e atua na espontaneidade. "Mesmo na dança de salão a pessoa desenvolve a criatividade porque faz do seu jeito, apesar dos passos ensaiados. Além disso, estimula a socialização, pela interação com um parceiro", diz. Fisicamente, a dança estimula a liberação de substâncias como a endorfina e a serotonina, responsáveis pela sensação de prazer e alegria, respectivamente. "Para quem tem depressão, um curso de dança é fundamental", garante.
Mayra Sitnik, 50 anos, voltou para as aulas de tango depois de quase cinco anos. Em 2001, a socióloga e empresária havia desistido por uma questão prática. "A escola ficava muito longe de casa e não me adaptei em outras escolas", lembra. Há seis meses, ela descobriu uma nova academia. "Agora vou dançar até quando minhas pernas permitirem e não troco o tango por nenhum outro ritmo", afirma. Para Mayra, a dança é uma oportunidade de resgatar a sensibilidade perdida no dia-a-dia de trabalho.
O tango surgiu no fim do século 19, da mistura das músicas dos imigrantes italianos e espanhóis, e de um tipo de batuque dos negros, chamado Candombe. A coreografia foi inspirada nos ritmos latinos milonga e habanera. No início, era uma expressão folclórica de moradores de bairros marginais de Buenos Aires, mas as composições de Angel Villoldo (conhecido como "El Choclo"), Carlos Gardel e Astor Piazzolla deram ao tango fama mundial.
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