Brasília e Curitiba - A apresentação de um projeto mais enxuto e o comprometimento com a conclusão dos trabalhos até o começo da Copa de 2014 mudaram o rumo das negociações entre a prefeitura de Curitiba e o governo federal sobre a construção do metrô. Após o banho de água fria provocado por declarações pessimistas da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, as duas partes podem fechar um acordo sobre a obra até dezembro. Até lá, técnicos do município terão de provar que o sistema começará a funcionar dentro do prazo.
A proposta atual reduz de 22 para 13 quilômetros o tamanho da linha Norte-Sul. Ela restringe o trajeto original ao percurso entre o Terminal CIC/Sul e a Praça Eufrásio Correia, que conta com apenas 12 das 21 estações previstas. Apesar dos cortes, porém, uma nova estimativa do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) aponta que o empreendimento deve ficar 17% mais caro.
A expectativa era de que toda a obra custasse R$ 2 bilhões. Desse valor, R$ 1,2 bilhão seria aplicado apenas nos 13 quilômetros do trecho Sul. Agora, a quantia estimada para o trecho Sul saltou para R$ 1,44 bilhão.
"Acabamos de concluir uma investigação completa sobre o terreno em que vai ficar o metrô e descobrimos que será necessário aumentar o orçamento", explicou o presidente do Ippuc, Cléver Almeida. Segundo ele, alguns trechos em que o sistema funcionará no subsolo precisarão ser até 50% mais profundos vão passar de 8 para 12 metros abaixo do nível da rua.
Almeida, o prefeito Beto Richa e os ministros Márcio Fortes (Cidades), Orlando Silva (Esportes) e Paulo Bernardo (Planejamento) participaram ontem de uma reunião em Brasília sobre os investimentos de preparação de Curitiba para a Copa. "Nossa grande conquista foi resgatar essa discussão do metrô, que já estava praticamente fora dos planos do governo federal", comemorou Richa.
As negociações ficaram tensas após Dilma Rousseff declarar que a obra não seria encaixada no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade Urbana, que trata de projetos das cidades para o Mundial.
De acordo com Paulo Bernardo, a situação mudou com a conversa de ontem. "Nossa principal restrição era vincular o metrô à Copa e ele não ficar pronto até lá. Como eles (técnicos da prefeitura) estão assegurando que têm condições de fazer dentro do prazo, decidimos reavaliar."
O sucesso do acordo, segundo o ministro, depende de um consenso entre as estimativas dos técnicos da prefeitura e os do governo. "Estamos enfrentando uma guerra de versões entre o pessoal que diz que vai ficar pronto e os que não acreditam que isso seja viável. Só que chegou a hora de batermos o martelo." Do outro lado, Richa garante que não haverá problemas. "Trabalhamos com uma margem de segurança suficiente."
A proposta do metrô curitibano é que o governo federal financie R$ 960 milhões (67%) do custo total. Os R$ 480 milhões restantes seriam investidos a partir de uma Parceria Público-Privada (PPP). Richa disse ontem que os estudos para a adoção da PPP foram encomendados à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e devem ficar prontos até o fim do ano.
A linha de crédito junto ao governo federal já foi estabelecida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Os juros cobrados serão de 5,5% ao ano mais spread bancário (atualmente de 1,9% ao ano). A prefeitura teria uma carência de 48 meses para começar a pagar, dentro de um prazo total de 30 anos para quitar a dívida. Ou seja, se o município contrair a dívida, o responsável pelo início dos pagamentos será o prefeito eleito em 2012.