Avenida das Torres: governo federal sugere retirada de canteiro e instalação de fios subterrâneos| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Avenida pode ficar sem as suas "torres"

A Avenida Comendador Franco, que liga o Aeroporto Afonso Pena a Curitiba, pode perder o apelido de "Avenida das Torres" até a Copa de 2014. A retirada das estruturas de alta tensão presentes em 18 quilômetros da via pode ser a principal novidade na lista de obras de preparação da cidade para o Mundial.

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Proposta

Especialistas pedem bonde no aeroporto

A possível retirada das torres de alta tensão da Avenida Comendador Franco (veja ao lado) deve ser aproveitada para incrementar o transporte coletivo. Na opinião de especialistas, a oportunidade não pode ser desperdiçada somente com a ampliação da pista. É preciso planejar um novo modal de transporte público, responsável pela ligação entre o Aeroporto Afonso Pena e o centro de Curitiba. A sugestão pensada por dois especialistas consultados pela reportagem é um bonde sobre trilhos – elevado ou não. Esse novo meio de transporte seria interligado à Linha Verde, permitindo o deslocamento de quem está no aeroporto a qualquer ponto da Rede Integrada de Transportes.

"Há algumas facilidades: não é preciso escavar e já existe fonte de energia disponível (a eletricidade)", opina Luiz Cláudio Mehl, engenheiro e membro do Conselho Consultivo do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP). "Essa obra serviria para valorizar o trecho e auxiliaria na solução de problemas de ordem social", defende o coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Positivo (UP), Orlando Pinto Ribeiro.

Pontos resolvidos

R$ 153 milhões para 3 obras garantidas

O governo federal deu a certeza ontem de que irá investir em pelo menos três projetos apresentados pela prefeitura de Curitiba como preparação para a Copa de 2014. As obras somam R$ 152,9 milhões. A prioridade é a melhoria do tráfego na Avenida Comendador Franco.

A outra, estimada em R$ 4,9 milhões, é a reforma da Avenida Cândido de Abreu, que será adaptada para receber uma linha de ônibus ligando o Museu Oscar Niemeyer ao aeroporto Afonso Pena. Por último, o governo federal ajudará no investimento de R$ 58 milhões em melhorias no sistema de sinalização do tráfego (como a sincronização dos semáforos).

Além do metrô, os ministros vão reavaliar outra proposta: o empreendimento de R$ 137 milhões prevê a construção de um corredor metropolitano entre Almirante Tamandaré, Araucária, Fazenda Rio Grande e São José dos Pinhais.

Outras três obras que haviam sido sugeridas em reuniões anteriores foram excluídas temporariamente dos planos. Segundo o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, ainda não há solução para o impasse do término da Arena da Baixada, avaliado em R$ 90 milhões.

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Entenda as obras programadas para o Metrô

Brasília e Curitiba - A apresentação de um projeto mais enxuto e o comprometimento com a conclusão dos trabalhos até o começo da Copa de 2014 mu­­daram o rumo das negociações entre a prefeitura de Curitiba e o governo federal sobre a construção do metrô. Após o banho de água fria provocado por declarações pessimistas da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, as duas partes podem fechar um acordo sobre a obra até dezembro. Até lá, técnicos do município terão de provar que o sistema começará a funcionar dentro do prazo.

A proposta atual reduz de 22 para 13 quilômetros o tamanho da linha Norte-Sul. Ela restringe o trajeto original ao percurso entre o Terminal CIC/Sul e a Praça Eufrásio Correia, que conta com apenas 12 das 21 estações previstas. Apesar dos cortes, porém, uma nova estimativa do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) aponta que o empreendimento deve ficar 17% mais caro.

A expectativa era de que toda a obra custasse R$ 2 bilhões. Desse valor, R$ 1,2 bilhão seria aplicado apenas nos 13 quilômetros do trecho Sul. Agora, a quantia estimada para o trecho Sul saltou para R$ 1,44 bilhão.

"Acabamos de concluir uma investigação completa sobre o terreno em que vai ficar o metrô e des­cobrimos que será necessário au­­mentar o orçamento", explicou o presidente do Ippuc, Cléver Almei­­da. Segundo ele, alguns trechos em que o sistema funcionará no subsolo precisarão ser até 50% mais profundos – vão passar de 8 para 12 metros abaixo do nível da rua.

Almeida, o prefeito Beto Richa e os ministros Márcio Fortes (Cidades), Orlando Silva (Esportes) e Paulo Bernardo (Planejamento) participaram ontem de uma reunião em Brasília sobre os investimentos de preparação de Curitiba para a Copa. "Nossa grande conquista foi resgatar essa discussão do metrô, que já estava praticamente fora dos planos do governo federal", comemorou Richa.

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As negociações ficaram tensas após Dilma Rousseff declarar que a obra não seria encaixada no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade Urbana, que trata de projetos das cidades para o Mundial.

De acordo com Paulo Bernardo, a situação mudou com a conversa de ontem. "Nossa principal restrição era vincular o metrô à Copa e ele não ficar pronto até lá. Como eles (técnicos da prefeitura) estão assegurando que têm condições de fazer dentro do prazo, decidimos reavaliar."

O sucesso do acordo, segundo o ministro, depende de um consenso entre as estimativas dos técnicos da prefeitura e os do governo. "Estamos enfrentando uma guerra de versões entre o pessoal que diz que vai ficar pronto e os que não acreditam que isso seja viável. Só que chegou a hora de batermos o martelo." Do outro lado, Richa garante que não haverá problemas. "Tra­balhamos com uma margem de segurança suficiente."

A proposta do metrô curitibano é que o governo federal financie R$ 960 milhões (67%) do custo total. Os R$ 480 milhões restantes seriam investidos a partir de uma Parceria Público-Privada (PPP). Richa disse ontem que os estudos para a adoção da PPP foram encomendados à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e devem ficar prontos até o fim do ano.

A linha de crédito junto ao governo federal já foi estabelecida pelo Banco Nacional de Desen­volvimento Econômico e Social. Os juros cobrados serão de 5,5% ao ano mais spread bancário (atualmente de 1,9% ao ano). A prefeitura teria uma carência de 48 meses para começar a pagar, dentro de um prazo total de 30 anos para quitar a dívida. Ou seja, se o município contrair a dívida, o responsável pelo início dos pagamentos será o prefeito eleito em 2012.

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