Curitiba tem 1,45 milhão de automóveis, a grande maioria carros de passeio que passam em média duas horas por dia em movimento e ficam parados no restante do tempo. Um grupo de empreendedores viu nesse tempo perdido em estacionamentos uma oportunidade de negócios para eles e para os donos dos veículos, além de contribuir para otimizar o uso do carro nos ambientes urbanos cada vez mais congestionados. Assim nasceu, em Curitiba, a Fleety, uma empresa de compartilhamento de veículos que permite ao proprietário ganhar dinheiro no período em que não o está usando.
A proposta da Fleety é um consumo mais inteligente do carro, permitindo ao dono recuperar parte dos custos com IPVA, seguro, combustível, estacionamento, manutenção e outras despesas camufladas no orçamento sem que a pessoa se dê conta. A empresa faz a intermediação, via site, entre o locatário e o locador. “É uma oportunidade de o proprietário se rentabilizar com esse veículo, que hoje é um ônus”, diz o CEO da Fleety, André Marim.
Em seis meses de operação, a startup tem três mil usuários cadastrados e mais de 200 carros ofertados em sua plataforma on-line. Curitiba, onde a ideia foi posta em prática em setembro, responde por 60% desse mercado, mas a região metropolitana de São Paulo já chegou a 40% em um mês e meio de funcionamento. Até o fim de fevereiro a empresa contabilizava 235 negócios e mais de duas mil horas de locação. André vê um crescimento exponencial do negócio, que praticamente tem dobrado de um mês para o outro. Há, portanto, um mercado promissor no país.
A Fleety tem média de um carro para 15 pessoas cadastradas em sua plataforma on-line, mas em mercados maduros, a exemplo do americano e do europeu, chega a um para 40 pessoas. São muitos os atrativos para o proprietário e o locador. O pagamento com cartão de crédito elimina a inadimplência. A transação inclui um seguro que cobre colisões, roubos, morte, invalidez. A Fleety provê o seguro sem custo adicional para o dono, que não precisa usar o seu próprio seguro. Em geral, esse seguro é mais completo do que o proporcionado pelas locadoras de veículos.
A empresa cobra 20% sobre o valor da transação, para oferecer o serviço em si, o seguro, a assistência 24 horas durante a locação. A taxa já está incluída no valor da hora locada. Dos carros disponíveis atualmente, a maioria custa em média R$ 12 ou R$ 13 por hora locada, mas há muitos top de linha. O portfólio vai do Uno Mille básico a R$ 5 por hora até a Grand Cherokee a R$ 50 por hora. Nesse meio também há carros por demanda, como utilitários e esportivos. A Fleety só não cadastra carros com mais de 10 anos de fabricação ou com mais de 100 km rodados.
Ao término da locação, o proprietário avalia o locatário na plataforma on-line e vice-versa. “Isso gera um ranking dentro da plataforma”, explica André. Futuros locatários e locadores poderão se basear nesses comentários para decidir se fecham negócio com alguém. A Fleety faz a intermediação, mas incentiva a interação dos usuários, por isso recomenda um contato pessoal entre ambos antes de fechar a locação. Metade dos cadastrados tem entre 25 e 35 anos. Os donos se dividem em proporções iguais entre homem e mulher. Entre os locatários, 70% são homens.