O primeiro satélite de comunicações lançado pela NASA, o Echo, era um colosso de 30 metros de diâmetro com formato de balão. Em órbita, o ar dentro dele se expandia, aumentando seu volume e possibilitando que retransmitisse sinais de rádio| Foto: NASA/Divulgação

US$ 100 a US$ 150 por km2 é o custo das imagens de alta resolução. O preço varia de acordo com a área mínima a ser imageada. À medida que diminui o tamanho da superfície, o valor cresce, diz Rudiney Pereira, professor de Engenharia Rural da UFSM. Quem determina esses valores são empresas que fazem a distribuição dos dados para governos e pesquisadores, como Santiago e Sintra (SP), Engesat (Curitiba) e ThreeTec (RJ). Quanto maior a resolução espacial, maior nível de detalhamento.

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Cronologia

Confira a evolução da tecnologia dos equipamentos:

1957 - Rússia lança o primeiro satélite artificial ao espaço, o Sputnik 1. Um mês depois, a cachorra Laika é lançada a bordo do Sputnik 2.

1958 - Estados Unidos lançam seu primeiro satélite artificial terrestre ao espaço: o Explorer.

1959 - O Tiros 1 foi o primeiro satélite meteorológico desenvolvido pela Nasa. Permitiu ver sistemas nebulosos e mudou as previsões metereológicas.

1960 - O primeiro satélite de comunicações do mundo, o Echo 1,transmitia 12 ligações telefônicas ao mesmo tempo ou um canal deTV. Dois anos depois,oTelstar permitiu fone,fax e dados simultâneos.

1964 - O Symcom foi o primeiro satélite lançado em órbita geoestacionária,isto é, capaz de acompanhar a rotação da Terra e enviar o sinal sempre para o mesmo ponto.

1972 - Para observar os recursos naturais terrestres, a Nasa lança o primeiro satélite da série Land Remote Sensing Satellite, o Landsat 1.

1978 - Entram em funcionamento os primeiros satélites que compõem o sistema de navegação GPS. Desenvolvido para uso restrito dos militares americanos, foi aberto depois para uso civil a partir dos anos 1980.

1988 - Brasil e China assinam acordo de parceria para o desenvolvimento do Programa Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres para construção de satélites de sensoriamento remoto. Mas o primeiro só foi lançado em 1990.

1990 - Satélite astronômico artificial que transporta um telescópio para a luz visível e infravermelha,o Hubble permitiu imagens daTerra e do espaço.

2004 - Distribuição gratuita de imagensdo Cbers-2 na internet. Logo após, o Inpe tornou livre o acesso às imagens históricas dos satélites Landsat. A política de dados abertos fez do Brasil um exemplo mundial na área de observação da Terra, tornando o sensoriamento remoto uma ferramenta de fácil acesso. A iniciativa pioneira levou países a disponibilizar gratuitamente dados orbitais de média resolução.

2013 - Democratização do acesso ao espaço. Dois minissatélites equipados com um processador de código aberto e uma dezena de sensores,além de câmera,giroscópio, espectrômetro e medidores de radiação e de temperatura estarão disponíveis para a comunidade acadêmica (universidades ou institutos) pelo preço médio de US$ 250 – para experimentos de uma semana.

Desde que o homem conseguiu ver a Terra do alto, em 1957, quando o primeiro satélite foi enviado para fora da órbita terrestre, a possibilidade de casar dados coletados no solo e no espaço trouxe avanços que vão da dominação militar até facilidades na mobilidade urbana, como os aplicativos Easy Taxi ou Waze.

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A visão externa auxiliou, principalmente, em assuntos de cunho ambiental e geográfico. Setores como o agrícola e o florestal estão entre os que mais tiveram contribuições, explica Rudiney Pereira, professor de Engenharia Rural da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que há 25 anos pesquisa esta área. Segundo ele, se compararmos as imagens obtidas por satélite hoje com uma de 1982, ela terá detalhamento técnico 500 vezes melhor. Essa evolução ajuda a transpor muitas barreiras.

"A base de dados do Google é gerada por imagens de satélites. Vias, avenidas, estradas, tudo é marcado dessa forma. Elementos que são feições utilizadas por geolocalização vêm por dados de imagens. Esses dados não estão apenas disponíveis em computadores e smartphones, como também nos GPS. Assim, pode-se obter dados do mundo inteiro", explica Pereira.

Aplicativos

O advento de tablets e smartphones impactou nesse processo. Tecnologias móveis potencializaram o uso de aplicativos com base na geolocalização. Há uma década, a noção de espacialidade era outra, segundo o professor Regis Alexandre Lahm, coordenador do Laboratório de Tratamento de Imagens e Geoprocessamento da PUC-RS. "Há 10 anos não poderíamos nem imaginar que existiria geolocalização. Hoje, é um produto do cotidiano e mudou a forma como vemos um local. No futuro, poderemos ter imagens mais baratas, com maior resolução espacial e em menor tempo", diz o pesquisador.

Como esses aplicativos têm bases colaborativas, quem trabalha com geolocalização procura contribuir em termos de informação. A espacialização dos dados geográficos permite gerenciar informações de forma rápida e eficiente – e em tempo real.

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Uma parceria feita entre a PUC-RS e a Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde, por exemplo, cruza informações de densidade demográfica, clima e outras variantes geográficas com áreas de ocorrência de doenças, permitindo correlacionar os dados e direcionar políticas públicas de saúde.

Mil e uma utilidades Conforme a função, os satélites carregam tecnologia variada:

Super fotografias

A utilidade dos satélites de observação depende do equipamento acoplado a ele. Podem ter câmeras de alta-resolução para fotografar florestas ou para criar mapas. São de satélites deste tipo que saem as imagens para montar o Google Earth.

Prevendo o amanhã

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Usado para monitorar o clima da Terra, os satélites metereológiocos colhem imagens da atmosfera para auxiliar nos serviços de previsão climatológica. Formações de nuvens, queimadas, efeitos de poluição, entre outros dados, são coletados por eles.

Tente viver sem ele

Distribui sinais de televisão, internet e telefonia, além de transmitir dados em geral. O satélite de comunicação possibilita fazer chamadas telefônicas e acessar a internet a partir de navios ou lugares remotos. É o tipo de satélite mais conhecido.

Velando o sono inimigo

Como qualquer tecnologia, os satélites também são empregados no uso militar. Equipados com câmeras infravermelho (o que possibilita a identificação de alvos no escuro ou camuflados), conseguem fotografar territórios com grande precisão e usam sensores de calor para detectar lançamentos de mísseis e explosões nucleares. Em 2016, o Ministério da Defesa e a Telebras passarão a usar um satélite próprio para comunicação militar. Será o primeiro 100% controlado por instituições brasileiras – atualmente, os satélites que auxiliam a comunicação militar do país são controlados por estações de fora.

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Diga onde você vai

Os satélites de GPS calculam latitude, longitude e altitude dos usuários do sistema, orientando-os sobre sua posição no planeta – e fazem você esquecer como é ir a um lugar desconhecido sem ele.São acionados a partir de aviões,navios,celulares e até de relógios de pulso.Uma constelação de 24 satélites ao redor da Terra, a cerca de 20 mil km de altitude, forma o GPS, sigla em inglês para Sistema de Posicionamento Global.Ele é controlado pelos Estados Unidos,mas pode ser utilizado por qualquer aparelho receptor. O Glonass é o sistema de navegação russo, e o Galileu, da União Europeia.