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Eleições 2006

O novo desafio de um ex-líder operário

Curitiba – O primeiro líder de um partido de esquerda eleito presidente no Brasil agora vai em busca de um segundo mandato. Para chegar lá, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá de apagar as manchas deixadas pelos escândalos que provocaram uma grande crise em Brasília. Em 2004, a acusação de que um dos principais homens de confiança do então ministro José Dirceu (Casa Civil), Waldomiro Diniz, negociava com bicheiros o favorecimento em concorrências, em troca de propinas e contribuições para campanhas eleitorais, gerou a primeira grande crise no governo Lula.

Waldomiro Diniz era subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência. Em uma fita gravada em 2002, portanto antes do governo Lula, ele aparece negociando propina com o empresário do ramo de jogos, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Mensalão

Em maio de 2005, foi criada a CPI dos Correios para investigar as denúncias de corrupção nas estatais, mais especificamente, nos Correios. Uma fita de vídeo mostrava o ex-funcionário dos Correios Maurício Marinho negociando propina com empresários interessados em participar de uma licitação. No vídeo, o funcionário dos Correios dizia ter o respaldo do então deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ).

Logo depois, Jefferson deu uma entrevista e denunciou o suposto esquema de pagamento de mesada a parlamentares da base aliada em troca de apoio político, o mensalão. O esquema era operado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Então foi criada a CPI do Mensalão, em julho, e concluída em novembro do ano passado. A comissão constatou que houve distribuição de recursos ilegais a parlamentares com periodicidade variável, mas constante em 2002 e 2003. No entanto, não foi aprovado um relatório final e as investigações não foram aprofundadas.

Paz e amor

Em 2002 a situação era outra. No dia 22 de agosto, durante um comício em Rio Branco (Acre), o então candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou os embates entre seus adversários e disse: "Lulinha não quer briga. Lulinha quer paz e amor". Este passou a ser o mote da sua campanha e sintetizou o discurso político da conciliação, do entendimento e da negociação. Era um novo PT. Tanto que passou a ser aceito pela direita do país.

Paraná

No Paraná, embora lidere as pesquisas, Lula terá de vencer a rejeição, que é mais acentuada do que em outras regiões do país. O deputado federal Dr. Rosinha (PT) diz que para que isso ocorra a primeira coisa a fazer é mostrar o "conteúdo de preconceito" que existe nesta rejeição. Depois, completa, mostrar que o governo do PT fez mais pelo país em três anos e meio do que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O deputado estadual André Vargas, presidente do partido no estado, afirma que o mais importante é divulgar o que o governo federal tem feito pelo Paraná. "Muito não é divulgado ou o governo local se apropria", explica. O deputado estadual Natálio Stica concorda que é preciso mostrar o que está sendo feito, principalmente pela população de baixa renda.

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