"O Paraná é o braço direito do Primeiro Comando da Capital (PCC) de São Paulo. O estado abriga em seu sistema prisional lideranças importantes da organização criminosa paulista." A análise é do promotor de Justiça do Ministério Público (MP) paulista, Roberto Porto, integrante do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado, órgão do MP-SP de atuação similar à da Promotoria de Investigação Criminal (PIC) paranaense e membro do Grupo de Segurança Institucional do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas. Porto esteve ontem em Curitiba, onde participou do seminário "Crime organizado: uma reflexão necessária".
Segundo o promotor, o Paraná é o segundo estado preferido pela facção devido à proximidade geográfica, que facilita a ação de membros do grupo no estado, e ao fato de que ainda durante o nascimento do grupo, alguns fundadores do PCC cumpriram pena em cadeias paranaenses. "O PCC plantou uma semente aqui e essa semente germinou", define o promotor.
Ele afirma que os líderes do grupo presos no Paraná já estão identificados, e estão sendo investigados e processados. Mas admite que o PCC também conta com um braço operacional fora das cadeias: "Isso ficou evidenciado quando o grupo organizou uma ação que envolveria mais de 100 membros em Foz do Iguaçu. Felizmente essa ação foi descoberta e impedida pelas autoridades paranaenses".
De acordo com o promotor, duas medidas são fundamentais para combater organizações criminosas que têm o comando atuando dentro dos presídios: o trabalho conjunto entre os ministérios públicos e polícias de diferentes estados e a construção de presídios de segurança máxima. "Catanduvas foi um grande avanço, porque não permite a comunicação com pessoas que estejam fora da cadeia", considera. "Além disso, a cada dois meses, pelo menos, promotores de diversos estados se reúnem no Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas para trocas de informações." Porto ressalta ainda que a Gaeco e o GNCOC têm uma linha de investigação especial sobre os advogados cooptados pelo PCC.
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