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Disputa de terras

O ponto nevrálgico da guerra no campo no Paraná

 | EDSON MAZZETTO/Arquivo
(Foto: EDSON MAZZETTO/Arquivo)

As atenções ao conflito agrário latente, mais uma vez, se voltaram à Região Oeste do Paraná, com as mortes de dois trabalhadores rurais sem-terra, na quinta-feira (7), em Quedas do Iguaçu. Apesar de situações pontuais inflamadas, ao longo do tempo, em outras partes do estado, como no Norte e no Noroeste, é nos arredores de Cascavel que, volta e meia, os embates sobre questões fundiárias ressurgem com força.

Os problemas na região remontam a questões históricas. Nas décadas de 1950 e 60, o governo Moysés Lupion distribuiu títulos de terra, mas as áreas estavam na faixa de fronteira – com até 150 quilômetros de distância de outros países – pertencentes à União. Isso bastou para instalar a insegurança jurídica que marca as disputas de território até hoje.

Contribuiu também o perfil populacional da região. “A colonização é bem mais recente, ainda não consolidada”, diz Raul Bergold, ouvidor agrário regional do Incra.

Algumas movimentações populacionais, como a motivada pela construção da usina de Itaipu, na década de 1970, também mexeram com as estruturas locais. Estava formado o “caldo” em que o Movimento Sem-Terra (MST) surgiria oficialmente, em 1984, num evento em Cascavel.

De lá para cá, a disputa pela terra fértil criou enormes bolsões de pressão e resistência, chegando a um dos maiores assentamentos rurais do mundo, o Celso Furtado, com cerca de mil famílias.

Para o assessor especial para assuntos fundiários do governo do Paraná, Hamilton Serighelli, tudo é superlativo na região e isso complica o processo de mediação. “Estamos falando de 12 mil acampados e mais 12 mil assentados”, destaca, reforçando que qualquer ação, seja na tentativa de pacificar ânimos, seja para combater ações raivosas, exige esforços enormes.

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