Programação
Dia do Tropeiro será celebrado hoje com festa na Lapa
A Prefeitura da Lapa realiza neste sábado e no domingo uma programação especial em homenagem ao Dia do Tropeiro, celebrado hoje. Às 19h, o Theatro São João recebe a apresentação musical "Tropeirismo: música e prosa", com o cantor e compositor Silvestre Alves, de Ponta Grossa, que conta a história do tropeirismo de uma maneira musicada e poética.
Às 10h de domingo acontece a concentração dos cavaleiros no trevo (em frente ao Monumento ao Tropeiro), com cavalgada e desfile de carro de boi. Estudioso no tema, Márcio Assad explica que o dia é uma homenagem ao padre jesuíta Cristovão de Orelhana Mendonza. Ele foi um dos membros da Companhia de Jesus que trabalhou junto com os índios na região hoje conhecida como Sete Povos das Missões, no Rio Grande do Sul, no século XVII. "Ele introduziu muares e bovinos em grande escala na região, que proporcionaram mais tarde o tropeirismo", afirma. Mendonza morreu em 26 de abril em 1733.
Carta
Uma Carta Tropeira, aprovada em audiência na Câmara de Curitiba, institui o dia 19 de setembro como o Dia da Memória Tropeira na capital. A Carta será encaminhada ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e à Unesco para que o tropeirismo se torne patrimônio cultural da humanidade.
Munidos de lupa e muita paciência, os pesquisadores Carlos Solera e Eleni Cássia Vieira descobriram uma preciosidade em meio a tantos documentos arquivados na Biblioteca da Câmara de Curitiba. Trata-se da cópia da ata que relata a autorização da abertura do primeiro caminho oficial das tropas no Brasil, em 1727.
INFOGRÁFICO: Confira as rotas até Sorocaba utilizadas pelos tropeiros
O então governador da Província de São Paulo, Antônio da Silva Caldeira Pimentel, havia nomeado o capitão Francisco de Souza e Faria para "encaminhar e abrir um caminho de terra, da capitania de São Pedro aos campos de Curitiba, por onde pudessem passar gado e cavalgaduras".
Solera relata que a abertura do Caminho dos Conventos, como ficou denominado, começou na região de Araranguá, Santa Catarina, em 28 de fevereiro de 1728, e só terminou em setembro de 1730, quando o trajeto desembocou no atual território de São Luiz do Purunã. "A comunicação à Câmara de Vereadores de Curitiba sobre o término dos trabalhos aconteceu no dia 19 de setembro daquele ano", relata Solera. O trabalho foi realizado por 98 homens brancos, além de muitos escravos e índios.
"Foi o primeiro caminho terrestre utilizado pelas tropas de muares, ligando a região Sul ao restante do país", afirma Eleni. A partir desse caminho, os tropeiros chegavam ao Paraná e depois rumavam para Sorocaba por meio da incorporação de caminhos já existentes que ligavam Curitiba ao atual estado de São Paulo e de lá podiam seguir para Minas. "Importante ressaltar que o Caminho dos Conventos foi o primeiro oficialmente construído para o transporte de muares", ressalta a pesquisadora.
No rastro dos trabalhos de Souza Faria, o português Cristovão Pereira de Abreu não só tornou-se historicamente conhecido como o primeiro tropeiro do Brasil como encurtou o caminho traçado pelo seu antecessor. Em 1731, acompanhado de 60 homens na altura da serra catarinense, fez um desvio em sentido norte/nordeste e eliminou toda curvatura a leste, feita no trajeto inicial por Souza e Faria.
Após a mudança, em 1733 Cristovão reuniu 3 mil cabeças de muares e cavalos, agrupou 130 peões e refez o Caminho dos Conventos rumo à São Paulo e Minas Gerais, onde vendeu sua tropa a peso de ouro, após dois anos viajando. Ao retornar, ele desceu pelo Caminho dos Conventos até o Rio Grande do Sul, próximo à região de Viamão. O Registro de Viamão, uma espécie de pedágio da época, só foi instalado em 1737 onde hoje é a cidade de Santo Antônio da Patrulha.
Em 1738, Cristovão alterou profundamente a primeira rota tropeira oficialmente criada. Ele abandonou o trajeto pelo litoral e o cortou pela região serrana do Rio Grande do Sul, partindo de Santo Antônio da Patrulha. No Paraná, o trecho passava por Rio Negro, Campo do Tenente, Lapa, Palmeira, Ponta Grossa, Castro, Piraí do Sul, Jaguariaíva, Sengés, Itararé até alcançar Sorocaba. Este trajeto ficou conhecido como Estrada Real ou Caminho Real do Viamão, que foi o mais utilizado pelo movimento tropeiro.
Primeira feira de muares de Sorocaba foi em 1750
A primeira grande feira de muares em Sorocaba aconteceu em 1750 e teve seu ápice até 1897, conforme noticiou o jornal 15 de Novembro , de Sorocaba: "Esteve muito animada este ano (1897) a tradicional feira de bestas desta cidade".
O movimento tropeiro começou por volta de 1730. Com o fim da feira de Sorocaba, o volume de tropas se reduziu, mantendo certa frequência até 1915 e rareando cada vez mais com o passar dos tempos. Ao longo dos caminhos das tropas, diversas fazendas, chamadas de invernadas, eram alugadas para os animais se alimentarem e as tropas descansarem. Ao redor desses locais, muitas cidades foram surgindo, como Castro, Curitibanos, Ponta Grossa, Rio Negro e Lapa.
Pedágio
A medida de cobrar passagem pela travessia das tropas foi implantada pelo reino português, que só iria autorizar a abertura dos Caminhos dos Tropeiros na região, a partir de 1730, se tivesse lucro nas travessias. Ao menos três pontos de registro realizavam a cobrança: no Rio Pelotas (entre SC e RS), nas margens do Rio Iguaçu (entre Lapa e Balsa Nova, posto mais tarde transferido para rio Negro) e em Sorocaba (SP). Os valores eram cerca de 2,5 mil réis por cada mula e 2 mil por cavalo.
No livro Os Tropeiros Diário da Marcha, o jornalista José Hamilton Ribeiro detalha que o posto fiscal no Paraná foi o primeiro a ser implantado no Sul do Brasil, por volta de 1734. A arrecadação, conforme conta o pesquisador Carlos Solera, chegou a ajudar a pagar os custos da reconstrução de Lisboa, em Portugal, após um terremoto em 1755.
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora