O jeito de lidar com o impacto causado por um empreendimento bilionário mudou muito no lapso de tempo que separa os dois megaprojetos industriais da Klabin no Paraná: entre 2006 e 2008 ocorreu a expansão da fábrica de papel em Telêmaco Borba, e em 2012 começou a obra de uma nova planta fabril de celulose em Ortigueira, distantes 15 quilômetros uma da outra. Enquanto na década passada eram visíveis os efeitos no aumento da criminalidade e na especulação imobiliária desenfreada, algumas medidas tomadas recentemente foram capazes de minimizar os aspectos negativos no entorno do Projeto Puma – que ganhou esse nome por causa dos filhotes do felino encontrados em áreas de reflorestamento da Klabin em 2004 e 2005, mas também poderia fazer referência à velocidade em que a obra, com 12,5 mil funcionários, se desenvolve.
Veja um infográfico interativo sobre o impacto da Klabin em Ortigueira
Até o formato dos alojamentos dos funcionários mudou. Antes cada quarto tinha cerca de oito trabalhadores – agora são três. Para não sobrecarregar o sistema público de saúde, a Klabin só contratou empresas que oferecem plano de saúde para os empregados. Ortigueira tem 23 mil habitantes e um dos piores índices de desenvolvimento humano do Paraná – situação que pode ser agravada se não houver preocupação com impactos sociais.
Efeitos
A família Santos sente os prós e contras da instalação da Klabin. Verônica aumentou a renda lavando roupas para os operários e o marido, Maicon, deixou o emprego em uma mecânica para trabalhar como autônomo, consertando carros nos arredores do alojamento. Contudo, o casal e os quatro filhos moram numa área de ocupação porque não conseguem mais pagar aluguel.
Para tentar monitorar os efeitos da obra, reuniões mensais são realizadas com autoridades da área de saúde, educação e policial, e são acompanhados cerca de dez indicadores. A Klabin informa que quando foi percebido um aumento nos casos de furtos em Ortigueira e de roubos em Telêmaco Borba, ações foram tomadas, como intensificação de rondas policiais, para conter a situação. A reportagem pediu acesso aos números e indicadores, mas não recebeu as informações.
Ao conceder um empréstimo bilionário para a obra, o BNDES exigiu uma parte do recurso fosse aplicada em projetos sociais. Devem ser destinados R$ 21 milhões para ações que visem melhorar a qualidade de vida no entorno da indústria. O investimento na fábrica de celulose de Ortigueira é de R$ 5,8 bilhões e a projeção é de que comece a operar em março de 2016.
Confira no infográfico imagens e dados que explicam o contexto de Ortigueira: AQUI
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